Com ameaça à segurança das usinas nucleares da Ucrânia, a procura pelo medicamento aumentou em toda a Europa. As autoridades da Ucrânia iniciaram a distribuir comprimidos de iodeto de potássio para moradores, na manhã de 28/08/2022, nos arredores da usina nuclear de Zaporizhzia, ocupada por tropas russas.
Bombardeios contínuos foram relatados na área durante a madrugada de domingo. Imagens de satélite mostraram, nos últimos dias, focos de incêndios ao redor do complexo - a maior usina nuclear da Europa. Em meio aos embates próximo ao complexo, aumentaram os temores de que um possível vazamento de radiação cause uma catástrofe com precedentes na região.
A medida foi tomada um dia depois de a usina ter sido temporariamente desligada da rede elétrica ucraniana, segundo os russos, devido a danos provocados por um incêndio em uma linha de transmissão. O incidente aumentou o temor de um desastre nuclear em uma região ainda assombrado pela explosão do reator da usina de Chernobyl, em 1986.
Em caso de acidente nuclear, os comprimidos de iodo, que ajudam a bloquear a absorção de iodo radioativo pela tireoide, foram preventivamente distribuídos na cidade, a 45 km da usina. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está tentando enviar uma equipe para inspecionar e ajudar a proteger as instalações, mas não está claro quando a visita deve ocorrer.
A usina de Zaporizhzia foi ocupada por forças russas em março, mas continua a ser administrada por funcionários ucranianos desde os primeiros dias da guerra. Os dois lados se acusaram de bombardear o local e se culparam mutuamente pelos danos na linha de transmissão que desconectou a usina da rede elétrica.
Em virtude da guerra, infelizmente não está claro o que exatamente aconteceu, mas o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse que os geradores a diesel de emergência da usina tiveram de ser ativados para fornecer eletricidade para operar o complexo - a usina requer energia para manter funcionando os sistemas de resfriamento dos reatores A perda de resfriamento pode causar um colapso nuclear.
A operadora do sistema de transmissão da Ucrânia - Ukrenergo, informou que as duas linhas elétricas principais danificadas que abastecem a usina retomaram à operação, garantindo um fornecimento de energia estável.
A agência de energia nuclear do país, Energoatom, afirmou que a usina foi reconectada à rede e estava produzindo eletricidade "para as necessidades da Ucrânia".
Os reatores de Zaporizhzia são protegidos por grossas cúpulas de contenção de concreto armado que, segundo especialistas, podem resistir a um projétil de artilharia. Muitos dos temores se concentram em uma possível perda do sistema de resfriamento, e também no risco de que um ataque às lagoas de resfriamento, onde são mantidas as barras de combustível, possa espalhar material radioativo.
Afinal, por que tomar o “iodo”?
O iodeto de potássio, de fórmula química KI, popularmente chamado de “pílula de iodo” ou “pílula anti-radiação”, é um sal usado clinicamente para auxiliar no tratamento contra a contaminação por radiação e também tem uso no campo da fotografia.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos tem um aviso claro sobre o iodeto de potássio: é uma droga que não deve ser tomada por motivos levianos, visto que os indivíduos devem tomar KI apenas por recomendação de autoridades de saúde pública ou de gerenciamento de emergências, já que existem riscos para a saúde associados ao uso de KI, quando não orientados, pois se o iodo radioativo não estiver presente no corpo de uma pessoa contaminada, tomar iodeto de potássio pode ser prejudicial à várias funções do organismo.
De acordo com o CDC (EUA), o composto iodeto de potássio bloqueia o iodo radioativo de entrar na tireoide. Quando uma pessoa o toma, a tireoide absorve o iodo estável da droga”. Entretanto, a proteção pode não ser completa, pois depende de fatores como o tempo decorrido desde a contaminação, a quantidade de iodo absorvida no sangue e a dose de iodo radioativo à qual a pessoa foi exposta.
No caso de uma emergência de radiação envolvendo iodo radioativo, a Food and Drug Administration (FDA/EUA) aprovou o uso de iodeto de potássio em duas formas: comprimidos e líquido. Existem dosagens específicas para faixas etárias e outras condições.
O iodeto de potássio é vendido sem receita médica, por isso as autoridades de saúde reiteram que só deve ser tomado se houver instrução de órgãos de saúde ou de emergência. Os efeitos colaterais das pílulas de iodo incluem problemas gastrointestinais, reações alérgicas, erupções cutâneas e glândulas salivares inchadas.
Conforme Diane D’Arrigo, do Serviço de Informações e Recursos Nucleares em Washington, explicou à CNN em entrevista quando ocorreu o incidente de Fukushima (2011), ” As pílulas têm eficácia limitada, embora proteja a tireóide, há outros radionuclídeos que vão para outros órgãos com os quais não ajuda .” Assim, as pessoas não devem entrar em pânico e comprar iodeto de potássio.
O Dr. Stewart Weiss, endocrinologista e professor clínico de medicina do New York University Medical Center disse em entrevista à CNN que, “a menos que haja uma ameaça real de exposição à radiação, não deve ser tomado, pois Muitas pessoas são alérgicas ao iodo”, explicando também que tomar iodo pode piorar os problemas existentes da tireóide ou ter efeitos colaterais, incluindo problemas de pele e para as crianças, pode ser prejudicial em doses excessivas.
Fontes:
CNN Brasil. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/uniao/europeia-entregara-a-ucrania-comprimidos-de-prevencao-para-radiacao/ Acesso em 30/08/2022.
G1. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/noticia/por-que-ingerir-iodo-em-caso-de-exposicao-a-radioatividade.ghtml Acesso em 30/08/2022.
O Tempo. Disponível em: https://www.otempo.com.br/mundo/temendo-desastre-nuclear-ucrania-comeca-a-distribuir-iodo-para-a-populacao-1.2723339 Acesso em 30/08/2022.
Yahoo Esportes. Disponível em: https://esportes.yahoo.com/autoridades-ucranianas-distribuem-comprimidos-iodo-061631310.html Acesso em 30/08/2022.
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