A Polícia Civil de São Paulo investiga uma série de homicídios atribuídos à estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, de 35 anos, presa em julho sob suspeita de envenenar quatro pessoas entre janeiro e maio deste ano. As mortes ocorreram nas cidades de Guarulhos (SP), São Paulo (SP) e Duque de Caxias (RJ). De acordo com a investigação, Ana Paula teria contado com o apoio da irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, e de Michelle Paiva da Silva, filha de uma das vítimas.

O caso teve início após um episódio registrado em uma universidade de Guarulhos, quando Ana Paula teria levado um bolo supostamente envenenado para a sala de aula, acompanhado de um bilhete atribuído a uma terceira pessoa. O objetivo, segundo o delegado Halisson Ideiao Leite, era incriminar a esposa de um policial militar com quem a estudante mantinha um relacionamento. Nenhum dos alunos consumiu o alimento.
Durante a apuração do episódio, a polícia identificou conexões entre Ana Paula e outras mortes ocorridas no mesmo período. A estudante é acusada de ter envenenado Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos, proprietário de um imóvel que ela alugava; Maria Aparecida Rodrigues, conhecida por meio de um aplicativo de relacionamentos; Neil Corrêa da Silva, aposentado de 65 anos e pai de uma ex-colega de faculdade; e Hayder Mhazres, tunisiano de 21 anos com quem ela mantinha um relacionamento.
Segundo o Ministério Público, o objetivo dos homicídios seria obter dinheiro e bens das vítimas. No caso do aposentado Neil Corrêa, a filha, Michelle, teria contratado as irmãs para cometer o crime, pagando R$ 4 mil. Conversas de WhatsApp apreendidas pela polícia mostram que as investigadas usavam o termo “TCC” como código para se referir à cobrança do pagamento.
Laudos preliminares apontam sinais de envenenamento nas quatro vítimas, com edemas pulmonares e alterações internas compatíveis com intoxicação. A Polícia Técnico-Científica ainda analisa amostras para identificar o tipo de substância usada, possivelmente um produto semelhante ao “chumbinho”. Três corpos foram exumados para exame; o de Hayder não foi periciado, pois foi enviado à Tunísia para sepultamento.
Em setembro, o Ministério Público denunciou Ana Paula por quatro homicídios qualificados e solicitou a conversão de sua prisão em preventiva, medida acatada pela Justiça. Roberta e Michelle seguem presas temporariamente e ainda não foram denunciadas. A investigação também apura a possibilidade de outras vítimas.

Ana Paula está detida em uma unidade prisional da capital paulista. Sua irmã e Michelle permanecem presas em Guarulhos, à disposição da Justiça.
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