Uma residência de dois pisos localizada na esquina das ruas Marcílio Dias e Gonçalves Dias, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, se tornou símbolo da exaustão de moradores diante da insegurança urbana. Desocupada desde 2017 por conta de um inventário, a casa tem sido alvo constante de furtos e depredações — e agora, apela diretamente aos invasores: “Casa vazia. Já roubada”, diz uma das frases pichadas no muro.
A proprietária, Nara Vieira, de 65 anos, acompanhada da filha Raíza, resolveu espalhar cartazes e mensagens em plástico pelas portas e muros, na esperança de que os ladrões se comovam com os apelos. “Sem fios, louças, móveis, canos... favor, não depredar mais”, diz outro recado.
Desde 2021, o imóvel sofreu pelo menos quatro invasões. Foram levados desde fiação elétrica até lustres, metais, disjuntores e até um holofote preso a três metros de altura. Recentemente, após investir quase R$ 1.700 na religação da energia, toda a nova instalação foi furtada em menos de 24 horas.
Sem energia e água, a família relata que não consegue iniciar as obras de reforma para devolver alguma utilidade ao local, seja por venda, locação ou abertura de negócio. Nara, aposentada, lamenta os constantes prejuízos e questiona a ausência de segurança pública:
“Será que vou ter de colocar alguém para dormir aqui e ficar de vigia?”, desabafa.
Apesar de o 1º Batalhão da Brigada Militar informar que houve queda de furtos na região — de 43 registros entre janeiro e abril de 2024 para 16 em 2025 — o caso da residência evidencia um tipo de crime ainda recorrente: o ataque a imóveis desocupados, muitas vezes ligados a situações de herança ou espera de regularização.
Especialistas apontam que imóveis em abandono atraem riscos à segurança do entorno, gerando sensação de insegurança e aumentando os índices de violência. Medidas como iluminação externa, visibilidade das entradas e ações urbanísticas da prefeitura são apontadas como estratégias fundamentais para mitigar o problema.
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