O sonho da casa própria nova recém realizado virou uma espécie de pesadelo para pelo menos 20 famílias da Zona Norte de Guaíba, moradores do Residencial Borges de Medeiros, na avenida Belo Horizonte no bairro Santa Rita. Na manhã de segunda-feira (9), uma válvula da linha de água de hidrante na altura do sexto piso estourou, durante uma retirada de equipamentos de segurança para manutenção, trazendo água abaixo até o térreo, danificando cerca de 20 apartamentos, alguns com alagamento mais severos (veja os vídeos abaixo).
O ocorrido se deu durante a retirada dos chamados "mangotinhos", componentes das mangueiras de hidrantes, do sistema fixo de combate a incêndio. Os funcionários da empresa Gaúcha Extintores, que realizavam o trabalho, necessitavam fechar a válvula de água para acessar o equipamento. Segundo a empresa, a válvula já se encontrava quebrada e ao, ser manuseada pelos trabalhadores, cedeu totalmente dando início ao forte vazamento. A empresa responsável pela construção do empreendimento é a Flex Inc, que foi acionada pelos moradores para dar o suporte após o acontecido. Ambas as empresas gentilmente concederam entrevista ao jornal Guaíba Online (confira as posições abaixo).
Os moradores agora calculam o prejuízo deixado pelo ocorrido - cada apartamento teve diferentes equipamentos atingidos, como televisores, móveis sob medida, pisos e outros aparelhos eletrônicos. Segundo moradores, alguns apartamentos foram mais atingidos do que outros. "Houve um apartamento no quarto andar que chegou a ficar com altura de um centímetro de água dentro", disse um morador. "A água saía até pelas tomadas, bicos de luz e caixas de disjuntores - muito perigoso!", relatou um vizinho preocupado. Um casal de moradores relatou que os vizinhos terão de achar lugares para passar a noite, pois não poderão nem posar nos próprios apartamentos, agora danificados.
O que diz o síndico do prédio
Segundo o síndico Marcos Santos, para voltar a habitar os apartamentos é necessário fazer uma verificação do sistema elétrico, afetado pelo alagamento. O edifício conta com 40 apartamentos, divididos em dois blocos (A e B). Como a energia teve ser desligada com urgência, todos moradores ficaram sem luz. O síndico informou, no fim do dia, que acionou uma advogada para buscar os direitos dos moradores, que buscam encontrar um responsável por tamanho prejuízo, e que a torre A se encontra sem água, energia e internet, ou seja, sem condição de habitar; porém a torre B já está normalizada. Santos ainda disse que o condomínio possui o Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI), porém a construtora Flex ainda não forneceu o mesmo no local, visto que o condomínio ainda não tem o próprio CNPJ.
O que diz a empresa Gaúcha Extintores
Paulo Cunha, proprietário da empresa Gaúcha Extintores, que realizava trabalho no local, conversou com o Guaíba Online sobre o acontecido: "Nossa equipe foi ao local para coletar os extintores e mangotinhos - equipamentos em que sempre realizamos a manutenção dentro de nossa empresa, não no local. Ao tentar fechar a válvula da linha de água, os funcionários a encontraram danificada e, ao manusear, a mesma quebrou de vez. É a primeira vez que essa equipe visita o Borges de Medeiros, porém em 51 anos de empresa isso nunca havia ocorrido. O síndico não possuía o PPCI no prédio no momento e alegou que a construtora ainda não havia lhe entregado o documento".
O que diz a empresa Flex Inc.
Matheus Oliveira, proprietário da Flex Construtora e Incorporadora, também conversou com a reportagem para emitir sua posição sobre a grave situação: "Edificamos o residencial mas já o entregamos a quase dois anos. É de responsabilidade do condomínio realizar as manutenções preventivas. Pode ter havido alguma falta de capacidade técnica da pessoa que estava realizando o serviço, ocasionando o rompimento da válvula. Fomos informados de que o funcionário ligou para os bombeiros para receber orientações - entendo que ele deveria ter este conhecimento técnico já que estava lidando com o sistema de incêndio. Nos colocamos prontamente à disposição e fizemos uma vistoria no local, porém ressaltamos que tal responsabilidade não é da construtora".
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