O Rio Grande do Sul passou a contar, nesta segunda-feira (15), com a primeira usina de produção de biometano instalada em um aterro sanitário. Localizada em Minas do Leão, na Região Carbonífera, a unidade recebe resíduos de 85 municípios, incluindo Porto Alegre, e converte o lixo doméstico em gás capaz de gerar energia, abastecer indústrias e veículos.
A planta, chamada Biometano Sul, é resultado de uma parceria entre a Arpoador Energia e o Grupo Solví, controlador da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR). Com investimento de R$ 150 milhões, a usina tem capacidade de produzir 66 mil metros cúbicos de biometano diariamente, equivalente a 12,5 mil botijões de 13 quilos. O material será direcionado principalmente ao setor industrial, já com parte da produção comercializada junto à Ultragaz.
O projeto envolve processos de captura e purificação do biogás gerado pela decomposição de resíduos orgânicos nos aterros. A cada dia, cerca de 5 mil toneladas de lixo são depositadas no local, metade delas de matéria orgânica. O biogás, inicialmente composto por metano, dióxido de carbono e outros gases, passa por tratamento que aumenta a concentração de metano para mais de 90%, tornando-o equivalente ao gás natural.
A iniciativa também tem impacto ambiental, com a estimativa de reduzir em aproximadamente 1 milhão de toneladas a emissão de gases de efeito estufa em 15 anos, volume equivalente à produção anual de uma cidade de médio porte. Além disso, o biometano produzido localmente reduz a dependência do gás natural importado via gasoduto Brasil-Bolívia.
O governador do Estado, Eduardo Leite, participou da inauguração e destacou que a planta integra políticas estaduais de incentivo à produção de biogás, incluindo benefícios fiscais do Fundopem e do programa Integrar RS. O diretor da Biometano Sul, Rafael Salamoni, informou que a unidade em Minas do Leão será seguida por outras quatro plantas em diferentes cidades gaúchas, sendo a próxima em São Leopoldo, com capacidade diária de 34 mil metros cúbicos e investimento de R$ 100 milhões.
O objetivo do grupo é alcançar, até 2030, uma produção diária de 250 mil metros cúbicos de biometano, correspondente a 10% do consumo atual de gás natural no Estado. O gás renovável pode ser utilizado em veículos, geração de energia, aquecimento e processos industriais, integrando o programa federal de transição energética ao lado do diesel verde e do combustível sustentável para aviação.
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