Não é novidade nenhuma e é até muito repetitivo que o Planeta está em declínio desde a Revolução Industrial, no final do século XVIII, devido ao excesso de gases do efeito estufa que geram o aquecimento global, exaustão de recursos finitos e um série de questões que poderiam ser resolvidas se houvesse interesses das grandes economias do planeta.
Embora os últimos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) tenham comprovado a gravidade do estado atual do planeta e as incertezas quanto ao futuro, através de programas computacionais, especialistas mostram que ainda há um curto tempo para reverter o aquecimento global a 1,5ºC até o fim deste século e evitar os piores efeitos da crise climática, desde que a ação seja imediata e obtenha efeitos reversívies até 2050 - ano do ponto crítico e sem retorno. A Organização das Nações Unidas (ONU) destaca iniciativas inovadoras que estão em ação pelo mundo e ajudam a reparar os danos que a Humanidade vem causando.
Em comunicado, Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres reforçou que há 50 anos, o mundo se reuniu em Estocolmo para a crucial Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, a qual iniciou um movimento global e que desde então, identificou-se o que é possível atingir objetivos de preservação quando há ação de todos. Como exemplos de ações já realizadas, destancam-se o buraco na camada de ozônio que foi praticamente recuperado, a expanção das proteções para a vida selvagem e os ecossistemas, o término da adição de chumbo em combustível, evitando milhões de mortes prematuras. E no mês de março/2022, foi lançado um esforço global histórico para prevenir e acabar com a poluição plástica.Tudo isso só prova que juntos, a Humanidade pode enfrentar desafios monumentais.
Guterres também falou no último dia 22 de Março de 2022 que a ONU marca em seu calendário o Dia Internacional da Mãe Terra. Em mensagem aos habitantes terrestres, afirmou que “temos a chance de refletir sobre como a Humanidade tem tratado o nosso planeta; temos de confrontar a realidade e admitir que temos sidos maus guardiões do nosso frágil lar e conscientizarmo-nos que estamos a caminho de uma catástrofe climática”. No entanto, Guterres alertou-nos que “ainda há esperança, já que temos apenas uma Mãe Terra e por isso devemos fazer tudo o que pudermos para protegê-la.”
Atualmente, ações ao redor do mundo estão acontecendo simultaneamente para sensibilizar a sociedade sobre os problemas ambientais e para a importância de iniciativas de cuidado com a Terra. Para que se evite uma catástrofe climática, o Secretário-Geral afirmou que a Humanidade precisa:
- Limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC;
- Acelerar o fim do vício em combustíveis fósseis;
- Introduzir energia limpa e renovável;
- Investir rapidamente em adaptações econômicas e resiliência.
A seguir, conheça algumas das iniciativas propostas pela Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas, que tem como objetivo prevenir, deter e reverter a degradação dos ecossistemas em todos os continentes e oceanos, com resultados maravilhosos:
1. Transformação de minas de carvão em sumidouros de carbono: A técnica de mineração leva à perda de extensas florestas e da biodiversidade, pois converte as áreas em pastagens, que acabam se tornando um lugar de espécies não nativas. Desde 2009, a Green Forests Work vem restaurando terras minadas pelo carvão e replantou quase 4 milhões de árvores nativas em mais de 6 mil acres. Conforme explica Michael French, Diretor de Operações da GFW em entrevista à ONU News, um exemplo da ação acontece nas Montanhas Apalaches (EUA), que está passando por um reflorestamento em terras impactadas por projetos de mineração de carvão, de forma que muitas terras mineradas estão entre os melhores lugares para plantar árvores com o objetivo de mitigar as mudanças climáticas. Como os solos de áreas de mineração recuperadas inicialmente têm muito pouco carbono orgânico, eles podem servir como sumidouros de carbono por décadas, se não séculos, à medida que as florestas crescem e constroem os solos.
2. Promoção da conexão dos ecossistemas: A vasta extensão de vegetação natural perdida pelo desmatamento e atividade agrícola levou um grupo de ativistas a criar a solução Gondwana Link. Essa entidade percebeu que, mesmo com a perda da mata nativa, muitos hotspots de biodiversidade permaneceram intactos em áreas de conservação, mas estavam desconectados, o que poderia levar ao seu desaparecimento. Assim, o grupo atua para reconectar os ecossistemas na Austrália, apoiando o meio ambiente e os povos Noongar e Ngadju, que foram desapropriados nos tempos coloniais. Conforme afirmou o CEO da organização, Keith Bradby à ONU News, o trabalho da organização foi reconhecido globalmente como “mais de 20.000 hectares de terras agrícolas foram comprados nas regiões críticas, com grandes áreas em plantações de restauração e vida selvagem já retornando. O governo estadual australiano anunciou o fim da extração de madeira em nossas florestas nativas, um exemplo de restauração de ecossistemas em larga escala.”
3. Transplante de fragmentos de coral 'sobreviventes': Os recifes de coral estão entre os ecossistemas mais biologicamente diversos e valiosos da Terra, abrigando 25% de toda a vida marinha. No entanto, ambientalistas ressaltam que eles correm risco de desaparecer até o final do século em todo o mundo, devido ao aumento das temperaturas.
Para combater o problema, a Fragments of Hope está transplantando com sucesso recifes devastados, por meio de corais geneticamente robustos, diversos e resilientes, no Parque Nacional Laughing Bird Caye - um Patrimônio Mundial da UNESCO, localizado na ilha de Belize. Atualmente, mais de 49 mil fragmentos de corais cultivados em viveiro foram plantados e novos locais incluem Moho Caye com mais de 11 mil corais plantados, e South Silk Caye com mais de 2 mil corais plantados. Segundo a fundadora da organização, Lisa Carne, os corais estão se recuperando e afirmou que o trabalho é importante porque os esforços para evitar a extinção dos corais acroporídeos do Caribe, que estão a um passo de serem extintos na natureza dão resultados. Acredita-se que também é importante educar e inspirar as pessoas a fazer mais para entender os recifes e as ameaças a eles, como as mudanças climáticas.
4. Restauração de bacias hidrográficas: Outro exemplo de esforços de conservação em grande escala está acontecendo nas montanhas dos Andes, na América do Sul. Comunidades locais de cinco países diferentes estão trabalhando juntas para cultivar e plantar árvores nativas e proteger suas fontes de água. A ONG Accion Andina prevê que até o final de 2022, terão plantado mais de 6 milhões de árvores nativas. Seu objetivo é restaurar um milhão de hectares de florestas nos próximos 25 anos. O cofundador da ONG, Constatino Aucca Chutas, explica que as florestas nativas, especialmente as espécies Polylepis e as áreas úmidas ajudam a criar e armazenar grandes quantidades de água ao redor de suas raízes, solos e musgos, já que são os melhores aliados para se adaptar às mudanças climáticas e ajudarão a garantir água para os meios de subsistência nas próximas décadas, mas tem-se que trazê-los de volta.
5. Preservação de ervas marinhas absorventes de carbono: As ervas marinhas fornecem alimento e abrigo para muitos organismos marinhos e fazem fotossíntese da mesma forma que as plantas terrestres, absorvendo dióxido de carbono e água e liberando oxigênio. Por isso, são essenciais no combate às mudanças climáticas. No entanto, dados apontam que nos últimos 40 anos, o mundo perdeu um terço de suas ervas marinhas devido ao desenvolvimento costeiro, declínio da qualidade da água e, claro, a crise climática. Assim surgiu o Projeto Seagrass, no Reino Unido, que vem trabalhando há uma década para reverter essa tendência. Com a ajuda de mais de 3 mil voluntários, conseguiram plantar mais de um milhão de sementes de ervas marinhas e conscientizar sobre sua importância. Com dois hectares completos de ervas marinhas restaurados com sucesso, a organização provou que a restauração de ervas marinhas em larga escala no Reino Unido é possível, quando usa-se uma combinação de tecnologias de ponta para avaliar locais e planejar testes de campo.
Assista a mensagem especial ao Dia da Terra que Antônio Guterres deixou em https://www.instagram.com/tv/CcpxN9qJHNz/?utm_source=ig_web_button_share_sheet
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Fontes:
ONU. Dispon[ivel em: https://unric.org/pt/mensagem-do-secretario-geral-para-o-dia-internacional-da-mae-terra/ Acesso em 25/04/2022.
ONU. Disponível em: https://www.instagram.com/nacoesunidas/ Acesso em 25/04/2022.
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