De forma tímida, a Humanidade começou recentemente a sentir os alívios na pandemia de Covid-19 e já há outras doenças para enfrentar: Dengue, Zika, Febre Amarela, Gripe, Adenovírus de Hepatite e, recentemente, a Varíola dos Macacos. Segundo o boletim da Organização Mundial da Saúde - OMS de 05/06/2022, há cerca de 760 casos confirmados com pacientes identificados em locais onde a doença não é endêmica, de forma que as investigações epidemiológicas estão em curso.
O órgão avalia que o risco global causado pelos surtos é moderado, já que esta é a primeira vez que tantos casos são reportados em diferentes locais fora do continente africano e até 02 de junho/2022, a varíola dos macacos já havia chegado a 27 países fora da África, incluindo o Brasil, não havendo qualquer registro de morte em decorrência da doença nestes locais.
A Varíola dos Macacos ressurgiu na Nigéria em 2017, após mais de 40 anos sem casos informados às autoridades de saúde. Desde então, houve mais de 450 casos relatados no país africano e pelo menos oito casos exportados internacionalmente. Atualmente, é um surto incomum e sem precedentes, que pegou de surpresa os especialistas na doença, já que sempre gera preocupações quando um vírus muda o seu comportamento.
O vírus da Varíola dos Macacos é uma zoonose silvestre antiga - ortopoxvírus e já existe conhecimento acumulado sobre vacinas e acompanhamento médico. A doença é geralmente leve, embora possa ser mais perigosa para crianças pequenas, mulheres grávidas e pessoas com sistema imunológico comprometido.
Há dois tipos de vírus da Varíola dos Macacos: 1. o da África Ocidental e 2. o da Bacia do Congo (África Central). Embora a infecção por esse vírus na África Ocidental, às vezes, leve a doenças graves em alguns indivíduos, geralmente é autolimitada, ou seja, não exige tratamento especializado.
Se espalha mais lentamente do que a Covid-19, com coceiras bem particulares e doloridas, as quais são mais difíceis de passarem despercebidas do que muitos sintomas associados a outras doenças, o que gera identificação de pessoas infectadas, assim como a vacinação de comunidades em risco.
O habitat natural do vírus são os animais selvagens, principalmente roedores e não macacos. O nome foi dado porque a doença apareceu primeiro em macacos de laboratório e quando um humano nas florestas tropicais da África Ocidental e Central entrou em contato com uma criatura infectada, o vírus foi transmitido entre as espécies.
O vírus está fora de seu habitat natural, lutando para se espalhar e por isso precisa de contato próximo prolongado para continuar. Portanto, os surtos tendem a ser pequenos e se esgotam por conta própria.
A principal forma de contágio são as secreções de indivíduos contaminados e os principais sintomas da Varíola dos Macacos em humanos são febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. Lesões na pele se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. As lesões na pele parecem as da catapora ou da sífilis até formarem uma crosta, que depois cai. Embora não seja descrito como um vírus sexualmente transmissível, a Varíola dos Macacos também se espalha durante atividades sexuais, por meio do contato próximo e lesões nas áreas genitais.
Infelizmente, pela primeira vez esse vírus está sendo encontrado em pessoas sem histórico de viagem ou ligações com a África Ocidental e Central, não ficando claro de que forma as pessoas estão se contaminando.
O vírus da varíola dos macacos não faz, tão facilmente, mutações em comparativo com o novo coronavírus ou a influenza (gripe), por exemplo. Análises genéticas, ainda preliminares, sugerem que os casos atuais continuam sendo bastante relacionados às formas do vírus observadas em 2018 e 2019. Ainda é cedo para conclusões, mas até o momento não há conformações de que uma nova variante esteja circulando. Entretanto, um vírus não precisa mutar para tirar vantagem de uma oportunidade, como já vimos em surtos grandes e inesperados de ebola e zika na última década.
De modo geral, a Varíola dos Macacos não se espalha facilmente, mas pode ser que esteja ganhando terreno em uma população mais vulnerável, que não teve a chance de se vacinar contra a varíola comum (erradicada décadas atrás) e cuja atual vacina tem alta eficácia também contra a varíola dos macacos.
Historicamente, a vacinação contra a varíola comum tem mostrado ser potencialmente protetora contra a Varíola dos Macacos. Embora haja a vacina MVA-BN e um tratamento específico com o medicamento Tecovirimat, ambos aprovados para a varíola em 2019 e 2022, respectivamente, essas contramedidas ainda não estão amplamente disponíveis e populações em todo o mundo com idade inferior a 40 ou 50 anos perderam o hábito de vacinarem-se, cuja proteção era oferecida por programas nacionais anteriores de vacinação contra a varíola.
Há duas possíveis hipóteses sobre a contaminação e casos fora da África: 1º. um grande número de pessoas se aglomerou, pegou a doença no mesmo lugar e depois a levou para outros países; 2º. outra possibilidade para tantas pessoas desconectadas entre si estarem infectadas é a de que o vírus já estivesse incubado e passado por mutações.
O Ministério da Saúde continua monitorando os quatro possíveis casos da Varíola dos Macacos, além dos outros dois casos suspeitos notificados recentemente no estado de Rondônia, sendo que todos os pacientes seguem isolados e em monitoramento.
Após o avanço dos casos e a formação da Câmara Técnica Temporária da RedeVírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a Anvisa fez recomendações para tentar atrasar a chegada do vírus ao Brasil, pedindo o reforço no uso de máscaras, distanciamento e higiene, principalmente em aeroportos.
Ambientalmente falando, há cientistas do mundo inteiro que estudam e começam a afirmar que as possibilidades de que essas doenças - Dengue, Zika, Febre Amarela, Gripe, Adenovírus de Hepatite, Covid-19 e Varíola dos Macacos - tem relações com o aquecimento global, poluição desenfreada, morte de predadores naturais, contaminação de solos e águas, entre uma infinidade de outros fatores. Tudo isso só leva a crer que o cuidado com o meio ambiente, com nossa Casa-Mãe Terra tem que ser permanente. Pequenas mudanças de atitudes individuais e coletivas precisam ser implementadas urgentemente para que a Humanidade tenha a chance de evitar sua extinção.
Pequenas mudanças de atitudes e de pensamento individual afetam positivamente o coletivo. Então, continue utilizando máscaras, em qualquer local, vacine-se, limpe seu pátio, cuide de si e do seu próximo, pois o futuro da Humanidade depende disso!
Fontes:
AGÊNCIA BRASIL. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2022-06/variola-de-macaco-brasil-investiga-seis-casos-suspeitos Acesso em 06/06/2022.
BBC BRASIL. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61542238 Acesso em 23/05/2022.
BBC NEWS BRASIL. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61535607 Acesso em 23/05/2022.
CNN BRASIL. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/disseminacao-da-variola-dos-macacos-esta-longe-de-ser-como-a-da-covid-diz-infectologista/ Acesso em 23/05/2022.
EXAME. Disponível em: https://exame.com/mundo/nova-york-registra-primeiro-caso-por-variola-dos-macacos/ Acesso em 23/05/2022.
INSTITUTO BUTANTAN. Disponível em: https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/variola-dos-macacos-o-que-e-a-doenca-seus-sintomas-e-por-que-ela-afeta-humanos Acesso em 23/05/2022.
ISTO É - DINHEIRO. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/variola-dos-macacos-como-se-da-a-transmissao-e-como-evitar/ Acesso em 23/05/2022.
OLHAR DIGITAL. Disponível em: https://olhardigital.com.br/2022/06/05/medicina-e-saude/variola-dos-macacos-brasil-investiga-seis-casos-suspeitos/ Acesso em 06/06/2022.
PODER 360. Disponível em: https://www.poder360.com.br/internacional/belgica-impoe-quarentena-para-infectados-com-variola-dos-macacos/ Acesso em 23/05/2022.
PORTAL G1. Disponível em: https://g1.globo.com/saude/noticia/2022/06/05/mundo-registra-780-casos-de-variola-dos-macacos-fora-da-africa.ghtml Acesso em 06/06/2022.
Comentários: