Apenas uma pequena parcela dessas plantas é conhecida, produzida e incluída nos cardápios do brasileiro, diariamente, sendo chamadas de “PANC’s”, uma abreviação que significa Plantas Alimentícias Não Convencionais. Em outras palavras, as PANC’s “são todas as plantas que podería-se consumir, de diversas formas, mas não são consumidas ou aproveitadas as suas propriedades”.
Imagine todas as plantas comestíveis que existem e que você conhece. O termo “alimentícia” quer dizer que são plantas usadas na alimentação, como verduras, hortaliças,castanhas, frutos, cereais e até mesmo condimentos e corantes naturais. Já o termo “Não Convencionais” identifica aqueles alimentos que não são produzidas ou comercializadas em grande escala, cujo cultivo e uso pode cair no esquecimento. Sabe aquela planta de antigamente, que hoje em dia pouca gente conhece? Agora ela é chamada de PANC.
Antigamente, as PANC’s eram muito consumidas, entretanto com a Revolução Industrial e a falta de contato com a natureza que a vida moderna urbana proporcionou, esses alimentos começaram a ser esquecidos e não cultivados. Estudos estimam que o número de plantas consumidas pelo humanidade caiu de 10 mil para somente 170 nos últimos cem anos. No Brasil, há uma biodiversidade enorme ainda a ser estudada, pois acredita-se que nosso país tenha em torno de 10 mil plantas com potencial uso alimentício e fitoterápico.
O que tem feito com que as pessoas observem com outros olhos as PANC’s é o valor nutricional que carregam e os benefícios de consorciamento com outras culturas na horta. Estudos revelam que os benefícios das PANC’s são diversos, destacando-se os teores de minerais essenciais, fibras, antioxidantes, óleos essenciais e proteínas significativamente maiores quando comparadas com plantas domesticadas.
Conforme o Guia Prático de PANC, disponível na biblioteca virtual do Consumo Responsável, a figura ao lado mostra, mas não descreve a perentagem, as plantas consumidas convencionalmente e das possibilidades de consumo e mercado que as PANC’s possuem ao entrar no cardápio brasileiro. Estima-se que existam mais de 10.000 plantas com potencial alimentício, além disso, muitas PANC’s também são medicinais e têm propriedades que ajudam a prevenir e combater doenças, seja através de chás, saladas ou cozimentos. |
O Paisagismo Comestível é a conjugação de plantas de finalidade alimentícia com grande beleza ornamental ou sua utilidade.
Há plantas que são PANC’s e ninguém imagina, incluindo por suas propriedades aromáticas, auxiliam as hortas e jardins a minimizarem danos por insetos intrusos. Na categoria de PANC’s aromáticas estão o alecrim, carqueja, cavalinha, manjericão, alfazema, lavanda, tanchagem, rúcula, urtiga, entre outros. Essa qualidades de PANC’s possuem uma espécie de compostos denominados óleos essencias que têm diversas propriedades, incluindo a de fitossanitizantes ou defensivos fitoterápicos, ou seja, afastam os invasores e preservam horta e jardim. O recomendado é que as PANC’s aromáticas sejam plantadas ao redor do local escolhido para que suas finalidades sejam imensamente aproveitadas.
Já para embelezar sua horta, as flores comestíveis deixam o prato mais bonito e nutritivo, como a margarida amarela, lírio amarelo, dente de leão, flor da moranga, capuchinha, o ipê, a pata-de-vaca, o flamboyant-anão, a lanterna-chinesa, o coromandel, a rosa, a dália, a onze-horas, a maria-semvergonha, o jambu, a fisalis, a flor-de-mel, couve-flor, o brócolis, a alcaparra e a alcachofra.
Caso decida produzir e consumir flores, evite as compradas em floriculturas, porque essas são exclusivamente para fins ornamentais, além de receberem substâncias nocivas para nosso organismo, como o nitrato de prata e defensivos agrícolas, altamente contaminantes, que não são removidos nem mesmo com lavagem.
Salada Mista com Flores de Moranga. Autora: Aline Stolz |
Lembre-se: nem todos os tipos de flores são comestíveis! Caso tenha dúvidas na identificação de uma planta, não consuma! Consulte um especialista ou converse com seu feirante ou agricultor da região.
Atenção para nomes populares, pois geram confusão. Sempre que puder, verifique se o nome científico - aquele em latim - corresponde à planta da sua preferência.
Cuidado, pois, plantas diferentes podem ter o mesmo nome popular. Caso deseje identificar uma planta, não se esqueça de tirar fotos detalhadas das folhas, das flores e caso seja possível, do fruto e das sementes. Essas informações são fundamentais para que os especialistas consigam identificá-la corretamente.
A internet ajuda nessa identificação, já que existem vários grupos nas redes sociais e aplicativos que auxiliam a identificação das espécies. Tire boas fotos, descreva a planta e o ambiente em que você a encontrou, para receber ajuda.
Evite colher plantas em locais que possam conter contaminação, como beiras de estrada, calçadas e também em locais próximos a indústrias, postos de gasolina e bueiros. Se o solo ou a água estiverem contaminados, é possível que a planta também esteja.
Popularmente algumas pessoas acreditam que se outros animais podem consumir certas plantas, os humanos também podem. Isso é um equívoco! Afinal, muitas são consumidas por animais, entretanto podem ser tóxicas para humanos e gerar problemas de intoxicação grave e até falência de órgãos como fígado, rins e pâncreas, além de alergias e cegueira.
A Embrapa desenvolve projetos voltados à agricultura familiar, com fundamentações científicas, identificando as regionalidades, propriedades, formas de cultivo, receitas e seus grandes benefícios à alimentação e às hortas consorciadas com outras culturas, além de incentivar a consolidação de uma cadeia de consumo completa para que essas plantinhas possam chegar com segurança ao prato das famílias.Cerca de 300 espécies já foram catalogadas como “plantas alimentícias” e pelo menos 50 dessas, já possuem informações técnicas de cultivo e fazem parte do trabalho de hortas locais de multiplicação e promoção de cultivo.
As PANC’s têm se mostrado como uma alternativa sustentável de biodiversidade e segurança alimentar, atendendo a demanda por alimentos diversos que supram às necessidades nutricionais e diversificando o prato do brasileiro. Buscar por PANC’s também impulsiona seu cultivo por agricultores familiares e produtores urbanos, proporcionando um desenvolvimento socioambiental local.
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Agora conta, você já conhecia as PANC’s? Tem o hábito de consumí-las? Tem em seu jardim ou horta?
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Referêncial:
Consumo Sustentável. Guia Prático de PANC. Disponível em: https://biblioteca.consumoresponsavel.org.br/files/original/e56fd20aaa35bca1f583c2427ccf86e2.pdf. Acesso em 28/03/2022.
Embrapa. Hortaliças PANC - Segurança Alimentar e Nicho de Mercado. 2021. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/10180/46878777/Guia+de+Neg%C3%B3cio+-+Sistema+de+Produ%C3%A7%C3%A3o+de+Hortali%C3%A7as+PANCs/8eb89efd-b781-9373-28cf-858faa6bff64. Acesso em 28/03/2022.
Ministério da Saúde. Alimentos Regionais Brasileiros. 2ª Edição. 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentos_regionais_brasileiros_2ed.pdf. Acesso em 28/03/2022.
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