Durante a palestra magna no 4º Summit Ambiental Internacional, realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, o renomado meteorologista Carlos Afonso Nobre fez um alerta contundente sobre as mudanças climáticas e seus impactos no Rio Grande do Sul. O evento, que começou nesta terça-feira e segue até quarta-feira, reúne especialistas em saúde e meio ambiente para discutir a emergência climática.
Nobre, que foi parte da equipe vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2007 por seu trabalho com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), destacou que a temperatura global já aumentou 1,3°C desde a era pré-industrial. Nos últimos cinco anos, esse aumento foi ainda maior, chegando a 3,3°C. Segundo o meteorologista, se a temperatura global subir mais 0,7°C, o Rio Grande do Sul poderá se tornar inabitável.
“Estamos caminhando para um cenário de 'ecocídio'. O planeta e a humanidade estão em risco. Precisamos agir agora, zerando as emissões de gases de efeito estufa e combatendo o desmatamento”, alertou Nobre. Ele enfatizou que as populações mais vulneráveis, como idosos e crianças, serão as mais afetadas pelas consequências do aquecimento global, incluindo a intensificação de eventos climáticos extremos, como as enchentes que atingiram o estado em maio.
O cientista também trouxe dados alarmantes sobre o impacto das atividades humanas no clima, como a emissão de 1,5 trilhão de toneladas de dióxido de carbono desde a Revolução Industrial. Isso provocou o aumento do nível do mar e a perda significativa de geleiras. Nobre destacou que, com o aumento de 4°C na temperatura global, as ondas de calor poderão ser até 5,3°C mais intensas do que a média atual, ocorrendo até 38 vezes mais nos próximos 50 anos.
Apesar do cenário preocupante, o cientista ressaltou que o Brasil tem potencial para liderar a luta contra a crise climática, por meio de políticas públicas que promovam a resiliência e o controle do desmatamento. “O Brasil pode alcançar metas de redução de emissões até 2030 e trabalhar para atingir a neutralidade de carbono antes de 2040”, afirmou.
A palestra de Carlos Nobre também foi acompanhada por Mohamed Parrini, CEO do Hospital Moinhos de Vento, que reafirmou o compromisso da instituição com a sustentabilidade. "A emergência climática é um desafio de saúde pública, e nosso compromisso é com a vida humana e a proteção dos mais vulneráveis", afirmou Parrini.
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