Rio de Janeiro enfrenta grave crise em seu programa de transplantes após a confirmação de seis casos de pacientes infectados com o vírus HIV após receberem órgãos doados. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) investiga a ocorrência de resultados falsos negativos em exames de sangue realizados por um laboratório contratado.
A descoberta da contaminação ocorreu em setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. Análises posteriores confirmaram a presença do vírus em órgãos doados pela mesma pessoa, infectando mais cinco receptores.
A SES constatou que o laboratório responsável pelos exames, PCS Laboratórios, não possuía os equipamentos e insumos necessários para realizar os testes de forma adequada. Além disso, a empresa não apresentou documentação que comprovasse a compra dos materiais utilizados, levantando suspeitas de que os testes não foram realizados, mas sim fraudados.
Diante da gravidade da situação, a SES suspendeu o contrato com o laboratório e instaurou uma sindicância para apurar as responsabilidades. A Secretaria também está realizando um rastreio em todas as amostras de sangue armazenadas desde a contratação do PCS, em dezembro de 2023.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também foram notificados e estão acompanhando as investigações.
Em nota, a SES informou que uma comissão multidisciplinar está prestando assistência aos pacientes afetados e que todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para garantir a segurança dos pacientes transplantados.
De acordo com a SES, o caso expõe falhas graves no sistema de controle de qualidade dos exames laboratoriais utilizados no programa de transplantes do Rio de Janeiro, colocando em risco a vida de pacientes que dependem desse procedimento para sobreviver.
Ainda em nota, a SES ressalta que o programa de transplantes do Rio de Janeiro é referência nacional e já realizou mais de 16 mil procedimentos desde 2006. No entanto, este incidente exige uma revisão urgente dos protocolos de segurança e a implementação de medidas mais rigorosas para garantir a qualidade dos exames laboratoriais.
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