No alto da imponente colina, uma casa, um cipreste e uma família que teima em cuidar da memória de um povo. Na casa de paredes grossas e semblante rude, há uma energia intensa e brilhante que transcende o tempo, que assenta a vida e desafia o mundo a entonar o cântico da história. História essa, que foi escrita com inteligência, força, lutas, ideais e mortes. Patrimônio histórico de um povo, compêndio de uma revolução que mudou os rumos de um país.
A árvore frondosa e centenária, o cipreste, é a guardiã da casa e dos transeuntes, assistiu tantos episódios da famosa revolta, que se escrevesse suas memórias, faltariam folhas e tinta para as retratarem. E segue altiva e viva, emprestando a sombra, a silhueta e a estampa até à bandeira da nossa cidade. Do alto de sua frondosa imponência, vigia a casa, e a casa empresta ao povo uma vida de história, memória e servidão.
Lembrando que diferente de outros mausoléus maltrapilhos, que perecem como taperas, ou que tombaram em derrocada carcomidas pelo tempo, pelo abatimento imoral do descaso, essa casa se impõe pela força das paredes e amor de uma família, que faz dela seu fortim pela memória de um povo e que abre as portas como quem abre os braços em um abraço fraterno para receber quem quiser sorver do sabor de um relato, do ardor de rememorar, pois ali, acreditem no que escrevo, ali nasceu um novo ciclo nesse país, ali nasceu um novo Rio Grande.
Naquela casa que por vezes passamos e nem nos damos conta que ela nos chama com sua voz atemporal, ali nasceu a identidade de um povo. Pois naquela casa que teima em vencer o tempo, viveu José Gomes de Vasconcelos Jardim e Eleonor Ferreira Leitão, família que dá origem a nossa querida Guaíba, que nos entrega suas terras para construirmos as nossas moradas, que nos oferece a igreja para lembrarmos de orar pelos nossos erros e agradecer pelas nossas graças, nos entrega a missão de ser o berço, nascedouro de uma revolução que durou dez anos e nos assenta nas páginas dos alfarrábios para a eternidade.
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A casa está ali de pé, não por sorte, nem por teimosia, há que se exaltar a valentia de uma família que assumiu como sua a missão de perpetrar a condução da história e mantê-la viva na alma de sua gente. Gaston Leão e sua família são zelosos, estudiosos e bem feitores, são acessíveis e de uma luz tão intensa que iluminaria o Rio Grande todo ao exalarem e exaltarem as memórias de uma gente tão destemida com as quais se fazem entranhar em sua própria história. Uma de suas filhas, Miriam Leão, historiadora e defensora do patrimônio histórico entende e difunde sua importância, defendeu a casa em seu tombamento como patrimônio histórico.
E a casa segue sua senda semeadeira da história ao abrir suas janelas como os olhos e suas portas em forma de braços para receber todos os que querem mergulhar no tempo e entender onde nasceu o Rio Grande, de onde brotaram as sementes de uma cidade que germinou Pedras Brancas e floresceu Guaíba, ainda há quem não se deixe tocar pela efusão poética atemporal que nela habita, mas nunca é tarde para rebuscar o que a história nos legou, afinal se entendemos que o setembro é o mês do Gaúcho, precisamos buscar a compreensão e a conexão com o nascedouro desse movimento, e ali, naquela casa branca com olhos envidraçados e portas de abraço, viveram e morreram homens e mulheres que são nossos antepassados, que nos forjaram e nos entregaram uma difícil e dura missão, a de fortalecer nossas virtudes para não acabarmos como escravos. Abre os braços casa velha de alma eterna, os Leões guerreiros que te protegem merecem sempre a nossa reverência, e tu segues na imponência de perpetuar nossa história, nosso povo e nossa memória.
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