Desde muito cedo a espécie humana sempre elegeu ídolos ou tornou público a sua admiração por um determinado indivíduo. Esses ídolos geralmente ocupam um lugar de destaque por que desempenham atividades de uma maneira muito particular ou no mínimo acima da média. Podemos verificar esse comportamento não somente num patamar de alto nível, mas também em camadas mais acessíveis, que ainda assim permanecem suspensas e erroneamente vistas como inalcançáveis.
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É interessante estarmos atento a percepção da complexidade de muitas coisas que geralmente são classificadas como simples ou daquelas nas quais já nos acostumamos e por isso abandonamos a sua exploração por completo. Não devemos nos satisfazer em provar apenas a superfície das coisas, porque com certeza a parte mais saborosa está escondida em seu interior.
Vejo que em muitos casos o obvio ocupa um lugar de destaque, geralmente quando um grupo ou uma sociedade inteira carece do básico. O que quero dizer é que muitas pessoas são admiradas por fazerem o básico, o obvio o que deveria ser intrínseco ao ser humano. Percebo que a maioria das pessoas não acessa o básico e por isso, quem o acessa acaba elevando este estado a algo superior a posição atual da maioria.
Pegamos o exemplo da inteligência, muitas pessoas são consideradas inteligentes, mas se analisarmos bem, algumas delas não fazem nada demais, ou seja, fazem apenas o que todas as outras pessoas poderiam fazer como ler, questionar a vida, desbravar novos mundos, ter contato com coisas fora da sua bolha, ter coragem, iniciativa, interesse, etc.
Todos nós somos ignorantes em algum assunto e por mais que tenhamos muito conhecimento em algo, sempre haverá mais para aprender sobre o tema. Vejo que algumas pessoas evitam certas conversas por se acharem “burras” (um termo que particularmente eu detesto) e o pior, elas aceitam essa condição, porém elas não se dão conta de que praticamente toda a informação que está circulando em uma determinada conversa, quase sempre está acessível ao seu alcance e se elas tivessem a disposição para consumir esses conteúdos, sua nova condição as “elevariam” ao mesmo nível de conhecimento dos demais.
Sei que existem diversos motivos para as coisas estarem assim, desde sempre enfrentamos problemas com a carência de uma educação de qualidade, incentivo a leitura, a pesquisa, a cultura, a responsabilidade social de cada indivíduo, etc. Mas não podemos deixar que a nossa evolução dependa do outro, você deve chamar a responsabilidade para si.
É incrível como podemos utilizar a frase da canção de Dorival Caymmi (Modinha para Gabriela) de duas maneiras, tanto no sentido original dela que mostra a Gabriela e sua forma livre de viver, quanto para as pessoas que dizem que nasceram assim, que cresceram assim, e serão sempre assim, como se sua condição fosse algo imutável, ou seja, eu “não posso/não consigo” ser inteligente, eu “não posso/não consigo” ser paciente, eu “não posso/não consigo” ter empatia, eu “não posso/não consigo” realizar determinada atividade e por aí vai.
Estar numa condição melhor do que a segunda visão sobre a frase da música da Gabriela não e um privilégio e sim é estar numa faixa básica onde em qualquer sociedade culturalmente evoluída seria considerado apenas um primeiro degrau de uma consciência em evolução. Sei que existem dificuldades pessoais de diversos níveis que nos acompanham e por isso precisamos ter coragem e também usar a nossa incrível capacidade de adaptação e mutação, para lidar com elas da melhor maneira.
Sugiro então que aventurem-se mais nos livros, que queiram evoluir através de conversas e debates e não se preocupem em apenas defender com unhas e dentes a “sua visão”, que em muitos momentos nem chega a ser mesmo a sua visão e sim algo que você comprou pronto de outra pessoa, o que em alguns casos, fatalmente poderá te levar a grandes equívocos. Portanto, permita que o conhecimento ocupe o máximo de espaço que o seu cérebro pode comportar e construa a sua liberdade intelectual. Ilumine seu cérebro!
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