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Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2024

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Como ficam os sonhos dos jovens tradicionalistas em mais um ano de pandemia?

Veja o depoimento que Renan Bezerra Marques deu à coluna

Fernanda Campos - Tradicionalismo
Por Fernanda Campos -...
Como ficam os sonhos dos jovens tradicionalistas em mais um ano de pandemia?
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Abril é o mês em que todos os anos, jovens tradicionalistas participam do concurso estadual chamado "Entrevero cultural de peões”, no qual os “guris”, realizam diversas atividades avaliativas para as categorias Peão, Guri e Piá. Elas são divididas em: Prova campeira, subdividida em três partes, uma em que desenvolvem uma atividade prática do peão, como cevar o mate, outra em que consiste na prática “a pé” como tosquiar e por fim uma ação “a cavalo” como laçar; prova cultural dividida em escrita e oral; prova artística, onde apresentam uma dança tradicional, uma dança de fandango e podem declamar, tocar, cantar ou trovar; e a entrega do relatório, popularmente conhecido como “pasta de vivência”.

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Claro que as provas para categoria Piá são um pouco menos exigentes. Conforme o regulamento do concurso de 2019, este “tem por finalidade escolher, anualmente, dentre os jovens associados de entidades filiadas ao MTG, representantes da cultura, das habilidades artísticas, campeiras e de artesanato, possuidor dos valores tradicionais característicos da identidade cultural do gaúcho.”

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Quando eu comecei a dançar, fui ensinada pelo Renan Bezerra Marques, que além de um grande exemplo, hoje posso chamar também de amigo. Participou do entrevero algumas vezes e conversei com ele para saber melhor, como é viver o entrevero. Ele descreve:

“Tive o privilégio e honra de poder representar Guaíba e mais dez municípios que pertencem à Primeira Região Tradicionalista no Entrevero Cultural de Peões do Rio Grande do Sul, três vezes em sua fase regional e duas em sua fase estadual. Nunca imaginei fazer parte do quadro de prendas e peões do MTG/RS, pois sempre convivi neste meio tradicionalista e sabia o quanto teria que me dedicar a este propósito para que acontecesse, o que com minhas diversas outras atribuições, sejam profissionais, acadêmicas ou até pessoais, não seria possível. Decidi então, fazer o meu melhor para bem representar o meu município, região e quem sempre me apoiou, como meus amigos e familiares! A sensação de poder representar as pessoas que te amam e acreditam em ti é única e nos enche de orgulho, gratidão e emoção! Embora seja uma competição, o título não é o mais importante neste evento. Além de estarmos ali para mantermos viva nossa tradição, o que realmente importa é o abraço, o aperto de mão, o beijo no rosto, o grito de orgulho, os olhos marejados de emoção e o carinho que recebemos durante e ao final de cada etapa do concurso”.

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No ano passado, estava tudo certo para que novamente ocorresse este momento tão importante na vida de tantos jovens e adultos concorrentes, já inscritos, diga-se de passagem. Até que em março entramos no período de isolamento social e como todos nós já sabemos, os eventos foram cancelados e adiados. Assim através da Portaria 13, de 2020, o MTG suspendeu os eventos que seriam realizados entre os dias 19 de março de 2020 e o dia 31 de maio de 2020.

Assim, não foi possível acontecer o Entrevero de Peões e a Ciranda de Prendas daquele ano, visando as medidas de combate a covid-19 para evitar atividades que geram aglomeração de pessoas. Desta forma os concursos culturais foram transferidos para 2021 e a gestão de 2019, portanto, prorrogada por mais um ano, visto a necessidade de representação do jovem tradicionalista no movimento. E então, passado um ano, chegamos novamente ao mês de abril e a pergunta que fica é: acontece ou não acontece, o entrevero e a ciranda?

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No último domingo (11), a vice-presidente de cultura do MTG, Roberta Jacinto, realizou uma reunião virtual para conversar e entender melhor os jovens tradicionalistas que aguardam o evento e assim buscar por alternativas para que ambos os concursos culturais ocorram ainda este ano. Contudo, sabe-se que não acontecerá nos moldes em que estamos acostumados, logo, há alternativas como “formato virtual, o formato híbrido, uma parte presencial e outra online, ou nova transferência das datas dos concursos”, conforme notícia oficial. 

O que se sabe, com certeza, é que muitos jovens sonham por muitos anos em viver este momento, alguns dos quais, talvez seja o seu primeiro concurso estadual. Sabemos também que a pandemia pode ter mudado ou adiado planos, mas ela não teve a capacidade de acabar com os sonhos.

Importante considerar o quanto o evento tem peso na vida e, inclusive, no cotidiano dos peões, que se dedicam ao extremo para realizar as etapas avaliativas. Afinal, o que não muda é a responsabilidade que os peões assumem quando realizam a sua inscrição. Conforme exemplifica Renan, ao contar sua história:

“Qualquer um que se proponha a representar um grande número de pessoas, se sente na obrigação de dar o seu melhor e graças a Deus, eu sempre finalizei todas as minhas provas com sensação de dever cumprido e de deixar os "meus" orgulhosos! E é isso que não tem preço no Entrevero! Reafirmei valores, amizades, ideais, conquistei tantos outros amigos durante esta caminhada e minhas e participações no concurso, que hoje olho para trás com saudades e só me lembro do carinho, admiração e respeito que sempre tive de todos que me rodearam durante esta etapa da minha vida. Sou muito grato por ter vivido tudo isso e sempre que me perguntarem sobre o Entrevero vou responder "é um dos maiores e mais bonitos eventos tradicionalistas que existe! Não se trata de um concurso, se trata de valores, ideais, amor e tradição!”

Portanto, que o evento se modifique e que nós nos adaptemos. Que vejamos, em meio ao mar de aflições que vivemos, os olhos iluminarem, as palmas soarem e os jovens tradicionalistas brilharem em suas provas. Para que levemos a tradição aos lares do público e que, por fim, sejam nossos jovens coroados por sua arte e principalmente, por sua persistência. Desde já, independente do formato que ocorra o entrevero e a ciranda, desejo a todos os participantes boa sorte, que sejam luz em tempos sombrios.


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