Talvez você não saiba, mas vivemos um momento histórico. Daqui a algumas centenas de anos (Se chegarmos lá. Não estou certo de que conseguiremos.) as pessoas aprenderão sobre este momento como o grande “boom” da comunicação, quando a internet e as tecnologias possibilitaram que qualquer um pudesse compartilhar livremente seus pensamentos com o mundo. Como efeito colateral, a gente voltou a discutir temas que, imaginávamos, já eram consenso. E o mais grave: descobriu que opiniões não consensuais mais triviais podem despertar antipatia ou até ira em outras pessoas.
Parece que discordar educadamente é coisa para reuniões presenciais, mesas de bar e jantares de família (nem sempre). Na internet é preciso mais: é preciso desmentir a pessoa, descreditar suas fontes, desmaracarar seus ídolos, ridicularizar suas certezas e destroná-la das próprias verdades. Verdades alheias não servem. Culturas alheias não prestam. Religiões alheias são um erro. E se a sua visão não é a minha visão, ela ofende.
Creio que mesmo antes da internet as pessoas tinham uma ideia do quanto eram diferentes; mas só a internet trouxe a experiência de como as diferenças se comportam ao tentar dividir o mesmo espaço, mesmo que virtual: elas se degladiam.
Porém, mesmo com os olhos vermelhos de raiva e punhos cerrados, prontos para defender nossos posicionamentos, precisamos aceitar que a pluralidade da vida e sua diversidade vão sempre produzir a diferença. Não haverá concordância total. Não haverá unanimidade. A revolução tecnológica nas comunicações está aí, mas infelizmente veio sozinha. Pois a mesma revolução no nível humano ainda não aconteceu. Aguardemos!
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