Telmo de Lima Freitas, nasceu em 13 de fevereiro de 1933 na cidade de São Borja, percorreu uma trajetória belíssima no mundo da música gaúcha. Participou do grupo Quarteto Gaúcho e foi apresentador do programa gauchesco Porongo de Pedra, na Rádio ZYFZ-Fronteira do Sul, de sua cidade natal. Em 1969, participou do primeiro Festival de Música Regionalista organizado pela Rádio Gaúcha e em 1973 lançou seu primeiro disco, intitulado O Canto de Telmo de Lima Freitas.
Logo surgiram as premiações, juntamente com Edson Otto e José Antônio Hahn criou o grupo Os Cantores dos Sete Povos, com o qual conquistou o troféu Calhandra de Ouro da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, em 1979, com a canção Esquilador. Posteriormente com outro álbum “A mesma fuça” recebeu o Troféu Açoriano de Melhor Compositor e Melhor CD Regional.
No mundo dos versos foi autor do livro de poesias crioulas "De Volta ao Pago" e no cinema participou do filme A Lenda do Boitatá. Em sua história foi autor de diversas canções, entre elas: Prece ao Minuano, Cantiga de Ronda, Baile de Rancho, Nesga da Noite, Morena Rosa, Lembranças, Prenda Minha. Mas tenho certeza que ao ler o nome da canção “Esquilador”, ainda que não tenha reconhecido o artista pelo nome, lembrou-se de quem se tratava pela sua obra que tem o conhecido verso “Quando é tempo de tosquia já clareia o dia com outro sabor”.
Ocorre que no último dia 18, essa lenda da música gaúcha, aos recém completados 88 anos, despediu-se do mundo terreno, na cidade de Cachoeirinha. Repentinamente, partiu para seguir cantando nos pagos de Deus. Telmo, que foi conselheiro honorário do MTG e foi patrono da Semana Farroupilha em 2009, teve uma importante responsabilidade para a cultura do estado, influenciando tradicionalistas de diversas gerações.
“Telmo é um homem que obviamente não era deste tempo de hoje. Ele viveu uma época em que construiu o seu caráter folclórico e o preservou, tentando transmiti-lo à juventude. Sempre respeitando as origens do regionalismo do nosso Estado, buscando pela raiz esse ser humano muito tribal” conforme descreveu César Oliveira em uma reportagem para GZH desta semana.
Recordo-me que, quando perdi meu pai, alguém me disse que nós não morremos quando deixamos essa vida, pois se marcamos a vida de outras pessoas que pela nossa passaram, por certo seremos eternos. Assim, não restam dúvidas que Telmo de Lima Freitas seguirá vivendo em nossos corações e por muitas gerações mais, afinal sua obra prima que já era, justamente vangloriada, agora se encarrega de eternizá-lo.
Algumas pessoas dizem que o que dá sentido à vida é a certeza da morte, mas a verdade é que nunca estamos preparados para este momento e, portanto, nos dói a alma a despedida deste ícone gaúcho. O que nos cabe é seguir seu exemplo, que saibamos honrar a sua memória mantendo viva a tradição e cultura do nosso povo. De fato, querido Telmo, no dia 18 o Rio Grande do Sul clareou com outro sabor, mas diferente da sua canção, desta vez o gosto foi o da saudade. Obrigada pela sua arte, que receba muita luz e que Deus conforte a sua família.
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