Muito se fala sobre a beleza do pôr do Sol da Capital, mas por certo, poucos são os que percebem a beleza estonteante do nascer do sol da nossa cidade. E isso já dizia o ex-diretor da Ulbra Guaíba, Marcelo Muller, em suas apresentações sobre a cidade. Essa beleza inegável, tem muito a ver com o contexto, o nascer do sol sobre a ilha do presidio em meio as águas do lago Guaíba. Lago este que tem área de 496 km², 50 km² de comprimento e largura variável, entre 900m no gasômetro e 19 km ao sul e dá nome a nossa querida cidade.
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Mas existe uma lenda sobre o surgimento das águas do Guaíba. Conta-se que certa feita houve uma grande seca, onde no período habitavam os índios Arachanes. Por orientação do pajé Amberé, eles realizaram um ritual tribal que consistia em dançar em torno do fogo sagrado na primeira lua cheia, para assim se conectarem entre si e terem ajuda de Cesy, mãe natureza. Após muitos dias surge das labaredas da fogueira sagrada uma voz suave que anunciava que mostraria ao pajé as regras e caminho para habitarem as margens de um grande rio, que permitiria sobreviverem.
As regras consistiam em atitudes que os índios deveriam ter para viver em harmonia com a natureza. Assim, após a penosa trajetória, chegaram a um grande vale e no centro deste, avistaram o lago, inicialmente pequeno, mas cumprindo conforme dito pelo pajé, os índios construíram suas casas longe do lago e utilizaram sua água, assim como os frutos das arvores em seu torno - apenas o suficiente para a sobrevivência. Logo as chuvas retornaram e o lago aumentou de tamanho. Ocorre que com o passar do tempo e por rebeldia de Cauré, um dos índios da tribo, os cuidados com a natureza se perderam, ocasionando outro momento de dificuldades.
Tornaram a fazer o ritual, que desta vez foi mais exaustivo: dançaram e cantaram por dias e noites, até que o índio Cauré, entregou-se, caindo de joelhos no chão, proclamando perdão a Cesy. Então ouviu-se a voz vinda do fogo anunciando que, apenas por terem apresentado desculpas sinceras, seriam recompensados, pois sabia que haviam aprendido a lição. Ao acordarem na manhã seguinte o lago magicamente transformou-se em um imenso rio de águas correntes e assim lhe deram o nome de Guaíba, que em tupi guarani significa lugar onde o rio se alarga.
Portanto, Guaíba é magica por sua beleza e contexto histórico, em que Maris Strege fez diversas obras de arte, inclusive fotografando a invernada adulta do CTG Cruzeiro do Sul no amanhecer do dia da dança de 2018. Além do mais pelo seu olhar, temos esse cenário disponível a todos, chegando inclusive a outros países.
É Guaíba, berço da revolução farroupilha ganhando o mundo!
Foto: Maris Strege
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