A Polícia Federal finalizou a investigação que apurava o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para práticas de monitoramento ilegal durante o governo federal anterior. O inquérito resultou no indiciamento de 31 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem, e membros das gestões anterior e atual da agência.

Segundo o relatório, a estrutura da Abin teria sido utilizada para ações de espionagem sem autorização judicial, com o uso de um software conhecido como FirstMile. De acordo com a PF, o programa foi acessado cerca de 60 mil vezes entre 2019 e 2023, com maior intensidade em 2020, ano de eleições municipais.
A apuração também identificou a formação de um grupo composto por policiais, servidores e funcionários da agência, que teria atuado de forma coordenada para monitorar autoridades dos Três Poderes, além de jornalistas. Ainda segundo a PF, a atual gestão da Abin teria colaborado para evitar que os fatos viessem à tona, por meio de articulações com dirigentes do período anterior.

Entre os nomes indiciados estão o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, nomeado em 2023, e o atual número dois da agência, Alessandro Moretti. Corrêa já havia comandado a Polícia Federal no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Operações da PF como a "Última Milha", deflagrada em outubro de 2023, e a "Vigilância Aproximada", em janeiro de 2024, subsidiaram as investigações. Os elementos reunidos indicam que Jair Bolsonaro tinha ciência das atividades em curso e se beneficiava delas, segundo a corporação.
Até o momento, não houve manifestação pública por parte dos indiciados. O inquérito agora será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá sobre a eventual abertura de ações penais.
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