Porto Alegre (RS) – No último sábado (3), moradores do bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, realizaram uma vigília emocionante para lembrar o primeiro ano da enchente que devastou a região em 2024. O ato, marcado por homenagens, denúncias e resistência, reuniu moradores, lideranças comunitárias e representantes de movimentos sociais no Campo da Brasília, local símbolo da tragédia.
Sob o lema “Da memória ninguém apaga”, a comunidade relembrou as vítimas e cobrou respostas efetivas do poder público. No local, hoje existe o Mural dos Naufragados, obra coletiva que eterniza em arte a dor e a luta dos que foram atingidos pela enchente.
Durante a noite, moradores caminharam com velas acesas até o ponto onde o dique rompeu, dando início à tragédia que destruiu casas e memórias. O percurso terminou com uma missa na Igreja Santa Catarina, em homenagem aos mortos e aos que seguem lutando por moradia e segurança.
Adalto Domingos Dias da Rosa, morador do Sarandi há mais de 30 anos, relatou que perdeu tudo na enchente. “A água subiu seis metros e levou minha casa inteira. A gente vai recomeçando, mas vive com medo. Toda chuva forte é um pesadelo”, contou. Segundo ele, as obras de contenção são insuficientes e o restante do dique segue abandonado.
A vereadora Juliana de Souza (PT) criticou a falta de ação dos governos estadual e municipal, afirmando que os recursos federais chegaram em dezembro, mas sequer os estudos técnicos foram iniciados. “O projeto da Asa Branca está abaixo da cota de segurança. É uma negligência que custa vidas”, afirmou.
Lideranças comunitárias destacaram o papel da população na mobilização e reconstrução do bairro. Para Maribel Cristina Melo Victor, resistir é manter viva a memória coletiva. “Essa história é nossa. Vamos lembrar, lutar e exigir respeito. Não vamos deixar que apaguem o que vivemos”, declarou.
Também participaram do ato a deputada estadual Laura Sito (PT) e os vereadores Pedro Ruas (Psol) e Gilvani, o Gringo (Republicanos), que reforçaram o compromisso com a pauta das famílias atingidas. A comunidade segue exigindo ações concretas de reparação, prevenção e justiça climática.
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