Em 2016, cientistas japoneses anunciaram a descoberta de uma bactéria capaz de decompor completamente o polietileno tereftalato - o plástico do qual são feitas as garrafas PET, um dos problemas mais graves de poluição no planeta. Os estudos indicaram que o microrganismo, que oferece uma perspectiva mais viável para tratar o acúmulo desse material no ambiente, foi encontrado em uma usina de reciclagem de lixo. A bactéria, batizada de Ideonella sakaiensis, se alimenta quase que exclusivamente de PET.
Segundo os pesquisadores, a descoberta é de certa maneira surpreendente, porque a bactéria aparenta ter adquirido a capacidade de degradar esse tipo de plástico em um processo evolutivo que durou poucas décadas - cerca de 7. Na escala da evolução biológica, isso é um piscar de olhos!
O grupo liderado pelo biólogo Shosuke Yoshida, do Instituto de Tecnologia de Kioto, observou como uma colônia desse microrganismo conseguiu degradar uma folha fina de PET em 6 semanas. Pode parecer muito tempo, mas é rápido para um tipo de plástico que leva centenas de anos para se decompor espontaneamente.
Para decompor o PET, a bactéria produz duas enzimas - moléculas biológicas que promovem reações químicas - cuja função específica é degradar esse plástico. O PET é composto por uma estrutura molecular de carbono altamente estável, que quando atacada pela bactéria se rompe em componentes menores, o que permite serem incorporados ao ambiente natural sem problemas.
O trabalho dos cientistas japoneses envolveu a análise de 250 amostras de bactérias encontradas na usina de reciclagem. A descoberta é importante, mas é preciso descobrir ainda os meios práticos de produzir essas enzimas e usá-las em larga escala para tratar resíduos plásticos que poluem ambientes, sobretudo os oceanos.
De um jeito ou de outro, estudos sobre a Ideonella sakaiensis devem acelerar esse processo, já que tudo o que se conhecia antes era alguns fungos capazes de decompor PET parcialmente. Usar bactérias que aniquilam totalmente o plástico para desenvolver um tratamento biológico para esse tipo de lixo deve ser bem mais fácil, rápido e econômico.
Em 2018, cientistas britânicos aperfeiçoaram uma enzima natural que pode digerir alguns dos plásticos mais poluentes do mundo - o PET, mais comum em garrafas plásticas, as quais levam centenas de anos para se decompor no meio ambiente. A enzima modificada, conhecida como PETase, pode começar a desintegrar o material em apenas alguns dias, de forma a revolucionar o processo de reciclagem, permitindo que os plásticos sejam reutilizados de forma mais eficaz.
Esse processo deve ser utilizado no meio ambiente livre através de biorremediação, um processo pelo qual microorganismos realizam processos biológicos para degradar, transformar e/ou remover contaminantes de uma matriz ambiental, como água ou solo. A biorremediação é um processo que ocorre naturalmente pela ação de bactérias, fungos e plantas, onde os processos metabólicos destes organismos são capazes de utilizar estes contaminantes como fonte de carbono e energia.
Desde 2021, um grupo de pesquisa argentino vem estudando outro grupo de bactérias para “comer” o plástico que polui a Antártica. Os investigadores argentinos estão com foco sobre um dos grandes problemas da atualidade: a poluição causada por resídios plásticos em todo o planeta, infelizmente algo com presença tão marcante no dia-a-dia que quando não tem destinação concreta, acaba por tornar-se uma ameaça ao meio ambiente do último continente.
A Antártica é o continente com a menor presença humana e protegido por tratados internacionais. Não há indústrias, nem refinarias, apenas centros de pesquisas e mesmo assim, derivados de petróleo e resíduos plásticos são uma ameaça ao ecossistema da região.
Desde 1980, cientistas descobriram que alguns habitantes desse ecossistema tão inóspio, auxiliam na despoluição do continente gelado. O bioquímico argentino Lucas Roberto afirmou que essas pesquisas têm por base o uso de microorganismos para degradar os poluentes na Antártica. A ideia fundamental é usar o potencial desses microorganismos, como bactérias e fungos, para degradar esses contaminantes, de forma que a estimulação ou bioprogramação façam com que esses seres vivos “comam” os derivados de petróleo e plástico.
No caso de derivados de petróleo, as pesquisas ocorrem em diversas partes do mundo e com relativo sucesso. O pesquisador afirmou que é muito comum encontrar, em solo contaminado por derivados de petróleo, as bactérias Pseudomonas, as quais são estimuladas com oxigênio, nitrogênio e fósforo para atacarem os poluentes com maior intensidade, de forma que essa estratégia de biorremediação se mostra muito eficaz na Antártica.
A questão da contaminação por plástico é um assunto bastante investigado já que é um material que leva cerca de 100 anos para ser decomposto naturalmente e é consumido em larga escala pelo mundo inteiro.
A cientista argentina Nataly Bernard explicou que o grande problema é que não há como se desfazer de todo o plástico, comparado com a quantidade em que é produzido. Essa conta não fecha!
Segundo a fundação australiana Ocean Crusaders, a poluição causada por plásticos mata cerca de 1 milhão de pássaros marinhos a cada ano e outros 10 mil animais que vivem e se alimentam nos oceanos.
Os humanos também sofrem as consequências dessa poluição plástica, já que estudos apontam que uma pessoa, em média, ingere o equivalente em plástico a um cartão de crédito por semana, resíduos estes que estão na forma de microplásticos na água, na comida derivada de animais que ingeriram plástico e por isso é de fundamental importância e consciência de que a Humanidade diminua o consumo para também diminuir a contaminação por plásticos.
E aí, você tinha noção da quantidade de plástico que consome? Que microorganismos evoluíram e estão auxiliando na biorremediação e despoluição do planeta? Repense seus conceitos!
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