Não é só por uma guerra desgastante, onde muitos falam em derrocada, outros tantos por empate. Não é tampouco, por venerarmos heróis ou esconder-nos em remorso pelos irmãos lanceiros massacrados.
Setembro traz em si o cio das flores, o rocio dos animais, os ventos de limpar pradarias e abanar o pañuelo celeste entre cinza, azul, branco e amarelido. São nos setembros que no sul, as matas verdejam, os pastos se agigantam e os campos se cobrem em seu poncho verde de pujança para principiar as semeaduras de novas safras de comida a mesa.
Antes de lembrarmos da guerra, onde a invasão de Porto Alegre expulsa imperiais, Bento Gonçalves é preso e enviado à Bahia e Antônio de Souza Neto assume o movimento libertador, devemos lembrar que estava tudo isso e muito mais relegado ao esquecimento. Sim, exaltamos hoje nossas façanhas, mas em outrora perdíamos a memória e debochávamos dos sujeitos que andassem pilchados pelas cidades metropolitanas, mais precisamente as conectadas proximamente a capital. Isso nos lumiares da década de cinquenta.
Até que oito rapazotes, na noite de sete de setembro, resolveram capturar uma fagulha da Pira da Pátria, em Porto Alegre. Foi num gesto singelo, com um trapo de pano enrolado em um cabo de vassoura, que eles intrépidos atearam fogo na chama de um movimento que agigantou-se de tal forma, que seu precursores jamais sonhariam. Eram rapazes de 20 anos em média, que sofriam com o americanismo exacerbado tomando conta da sociedade, e eles, inatos a essa onda estrangeirista, carregavam em si a sede do campo, pois deixaram suas origens para estudarem na cidade grande, ergueram-se e resolveram mostrar que o campo alimenta a cidade e precisa ser respeitado.
Que o homem da bombacha, do cavalo e do chapéu, arrocina a terra para fecundar o pão, apojar o leite e engarrafa o vinho. Nascia então, no ano de 1947 o Movimento Tradicionalista Gaúcho, com seus mentores J. C. Paixão Cortês, Cyro Dutra Ferreira, Antônio João Sá de Siqueira, Orlando Jorge Degrazia, Fernando Machado Vieira, Ciro Dias da Costa, Cilço Araújo Campos e João Machado Vieira. Por essas mentes brilhantes e destemidas, valorizamos um estado de espírito chamado Gaúcho, principalmente no mês de setembro.
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