Um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal registrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro relatou ter utilizado uma ferramenta térmica para danificar a tornozeleira eletrônica que estava usando durante o período de prisão domiciliar. A ocorrência foi comunicada após o sistema de monitoramento apontar uma violação do equipamento às 00h07 de sábado (22), acionando a equipe responsável pela escolta no local.

Ao chegar à residência, os policiais penais verificaram que o dispositivo apresentava marcas circulares de queimadura na região de fechamento, segundo a documentação assinada pela diretora adjunta do centro de monitoramento, Rita Gaio. O primeiro relato feito à escolta indicava que o equipamento teria batido em uma escada, hipótese descartada após a inspeção. De acordo com o documento, Bolsonaro afirmou ter utilizado um ferro de solda ao tentar abrir a estrutura do equipamento. A equipe registrou imagens da avaria e substituiu a tornozeleira por um novo dispositivo, que passará por perícia.
No domingo (23), a defesa do ex-presidente encaminhou manifestação ao Supremo Tribunal Federal solicitando que seja analisado o pedido de prisão domiciliar humanitária apresentado anteriormente. Os advogados afirmam que não houve tentativa de fuga e que as condições de saúde de Bolsonaro influenciaram no episódio envolvendo o equipamento eletrônico. Segundo a petição, o ex-presidente estaria enfrentando alterações cognitivas relacionadas à combinação de medicamentos utilizados para tratar episódios recorrentes de soluços, condição que se intensificou após intervenções médicas realizadas desde 2018.

A defesa afirma que a Pregabalina, prescrita recentemente por outro profissional de saúde, teria interação relevante com a Clorpromazina e a Gabapentina, usadas de forma contínua. O documento aponta que essa combinação pode gerar desorientação e outros efeitos neurológicos. Os advogados afirmam ainda que Bolsonaro permitiu o acesso da equipe de monitoramento ao local e colaborou com a substituição do equipamento.
Bolsonaro está em prisão preventiva desde sábado (22), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, que citou risco de evasão e a convocação de apoiadores nas proximidades de sua residência como elementos que reforçariam a necessidade da medida. A Primeira Turma do STF, que rejeitou na semana anterior recursos apresentados pelo ex-presidente contra condenações relacionadas à tentativa de golpe, se reunirá nesta segunda-feira (24) em sessão extraordinária virtual para avaliar a decisão que determinou a prisão preventiva.
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