Passado um ano da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, 383 pessoas ainda vivem em abrigos temporários no estado. As enchentes de abril de 2024 afetaram mais de 400 municípios, provocando 147 mortes e deixando um rastro de destruição que atingiu mais de 2,1 milhões de pessoas.
Somente em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, 240 pessoas seguem acolhidas no Centro Humanitário Esperança, instalado no bairro Igara. O local é o último abrigo em funcionamento na cidade e deve ser desativado até o fim de maio, segundo a prefeitura.
Entre os acolhidos está Almerinda Veiga da Silva, de 67 anos, que viveu uma sucessão de perdas após a tragédia: perdeu a filha com síndrome de Down e o marido, ambos com traumas causados pela enchente. “Só vou sair do abrigo quando tiver meus móveis”, lamenta ela, que recebeu o benefício de aluguel social, mas não tem como mobiliar o novo imóvel.
Além de Canoas, Porto Alegre ainda mantém um abrigo com 120 pessoas, também em processo de desmobilização. Juntos, os dois centros concentram mais de 90% dos desabrigados atuais.
Programas de reconstrução têm avançado lentamente. Um deles, o Compra Assistida, já assinou 1,5 mil contratos, mas a morosidade no processo tem frustrado beneficiários como Cláudio Joel Bello, que aguarda a liberação de sua casa. Outras iniciativas incluem a construção de moradias provisórias e unidades definitivas, mas os prazos para entrega ainda se estendem por até 18 meses.
A prefeitura de Canoas informou que 58 casas temporárias devem ser entregues até 15 de maio, com módulos totalmente mobiliados. Já os empreendimentos definitivos, financiados pela Caixa Econômica Federal, devem somar mais de 3 mil novas unidades, mas as obras ainda estão em estágio inicial.
Desde a enchente, 18.633 imóveis passaram por vistorias: mais de 5.500 foram considerados inabitáveis, e centenas ainda aguardam análise técnica.
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