A autora do prêmio Pulitzer Elizabeth Kolbert, retorna à temática dos impactos ao meio ambiente e a possibilidade da tecnologia de reverter e salvaguardar a Humanidade. Que o Homem deveria ter o domínio “sobre toda a Terra e sobre todo rastejante que se arrasta sobre a face da terra” é uma profecia que se tornou realidade, assim são os impactos ambientais no planeta na era geológica atual, denominada “Antropoceno”.
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Uma forma de ver a civilização humana é como um exercício de dez mil anos de desafio à natureza, tamanha é a intervenção no Antropoceno. Em The Sixth Extinction, a autora explorou as maneiras pelas quais nossa capacidade de destruição remodelou o mundo natural em tão pouco tempo. Já em Under a White Sky, examinou como os próprios tipos de intervenções colocam nosso Planeta em perigo de eminente extinção, quais as possibilidades que os cientistas têm e que pode ser a tábua de salvação, na forma de um exame original dos desafios que que a população global enfrenta.
No cerne da obra, a pergunta inconveniente é como se pode remediar as crises que a Humanidade causou com soluções tecnológicas engenhosas – ou elas irão piorar as coisas? Em entrevista ao Jornal Guardian, a escritora explica como a humanidade se desenvolveu criando tecnologias que reduzem a necessidade de adaptação das pessoas, gerando conforto, mas também resíduos e poluentes.
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Ela reconhece o papel da tecnologia na possibilidade de solução das grandes crises, mas busca mostrar o outro lado da moeda, a exemplo dos Estados Unidos, onde a identidade do país está profundamente enredada à tecnologia, que é tratada como a grande viabilizadora de progresso e liberdade.
No livro lançado em fevereiro de 2021, Under a White Sky – The Nature of the future, a autora volta seu olhar para um novo mundo que estamos criando. Ao longo da narrativa, descreve que conheceu engenheiros que estão transformando as emissões de carbono em pedra na Islândia, pesquisadores australianos que desenvolvem um “super coral” que pode salvar a humanidade de um planeta mais quente, físicos que estudam a possibilidade de atirar diamantes na estratosfera para resfriar o planeta e biólogos que estão tentando preservar os peixes mais raros do mundo, utilizando uma única piscina no meio do deserto de Mojave.
O livro conclui com o melhor exemplo de manipulação dos controles planetários: um tipo de geoengenharia que pode produzir um céu branco (de onde vem o nome da obra). Alguns dos cientistas envolvidos disseram a Kolbert que esperam que sua pesquisa nunca seja aplicada. Um deles diz que está estudando esse tópico agora simplesmente para evitar tomar decisões mal informadas posteriormente. Qualquer semelhança com eventos anteriores, como a bomba atômica, talvez não seja mera coincidência. O título ainda não tem tradução para o português, mas já está disponível na Amazon.
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No Brasil, não faltam iniciativas de cientistas distribuídos por todo o país, em universidades, institutos, fundações de pesquisa e ONG’s. Ocorre que a falta de investimento em educação e pesquisa científica dificulta nossos honrados guerreiros em busca de desenvolver tecnologias que preservem, no mínimo, a grande natureza brasileira, ainda mais no ano em que os Ministérios do Meio Ambiente e de Educação receberão o menor orçamento dos últimos 20 anos.
Política à parte, a exemplo da Alemanha pós-guerra, não se faz um país forte, econômica e cientificamente, sem recursos nessas áreas. E em sendo assim, a União Europeia já sinalizou que o acordo comercial com o Mercosul é importante, mas que se práticas de tecnologia ambiental não forem implementadas a curto prazo, o acordo comercial não será assinado.
Saímos todos perdendo: o Brasil, as relações econômicas, as colaborações científicas, o grande exportador, o pequeno produtor, ou seja, a população inteirinha.
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