Eu mencionei antes, aqui nesta coluna, que eu estou escrevendo um livro de contos. Este no qual tenho trabalhado nos últimos dias, fala sobre bondade, sobre luta e sobre altruísmo. É o sexto dos sete que espero publicar e que, até agora, já tratou de assuntos como perdão, maldade, sensualidade, fé, busca, inadequação, encontros e despedidas... Tem sido um exercício mentalmente desgastante e emocionalmente gratificante; embora tenha me afastado do convívio social no nível em que sou acostumado e me trazido de volta ao meu interior; onde existem lugares escuros e existem espaços de luz. O bem conhecido e o mal explorado.
É algo feliz poder revisitar a mim mesmo e questionar as coisas que acho saber, repensar as que aceito crer e interpretar aquilo que sinto ao mesmo tempo que materializo algo. Se não fosse um livro, seria um quadro, uma música, uma coreografia… Eu teria que fazê-lo de alguma outra maneira Em seções de terapia ou em horas de meditação.
Precisamos revisar a todo momento o que pensamos saber sobre nós e reconstruir constantemente a visão do que somos e a essência do que sentimos, para que não nos tornemos, numa distração nossa, algo de que não possamos nos orgulhar. Algo que não possamos reconhecer. Eu escrevo ficções usando coisas que são minhas em outras vozes, ou usando experiências de outras pessoas pela minha interpretação ou sensibilidade.
Torço para que um dia este livro chegue até você, leitor. E se isso acontecer é possível que você se surpreenda ao encontrar nele, fadas, demônios, guerreiros, deuses e alienígenas. E talvez pergunte: “ mas isso tudo é sobre você?” E eu respondo: É tudo sempre sobre nós mesmos.
Foto: Lucas Katsurayama
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