Psicose é um marco. Publicado em 1959, o livro de Robert Bloch esgotou-se rapidamente no mês de seu lançamento. Esgotou-se não por causa de uma multidão de leitores que aguardava ansiosamente na porta das livrarias para conhecer o novo romance policial. Não, esse feito se deu por causa de apenas um homem, que foi leitor e também um dos maiores diretores de cinema: Alfred Hitchcook.
Quando leu este thriller pela primeira vez, há mais de 50 anos, o cineasta não teve dúvidas: comprou os 3 mil exemplares da obra disponíveis nas livrarias e os trancafiou num galpão a cinco quadras de casa. Tamanha foi sua surpresa com a história de Norman Bates e de sua mãe que Hitchcook não podia deixar de adaptar o livro para as telonas. O desfecho da obra deveria ser um segredo, o qual os espectadores conheceriam após assistirem seu filme. Ao produzir a adaptação, o diretor aguardava o sucesso, e foi exatamente o que recebeu.
Psicose, filme de 1960, tornou-se mundialmente conhecido, principalmente pela cena icônica de assassinato de uma mulher no chuveiro. A trilha sonora que toma a cena é lembrada até hoje, sendo sinônimo do horror de qualidade. Com diálogos e enredo fiéis à obra original, o longa traz a incrível atuação de Anthony Perkins no papel do enigmático Norman Bates.
Mas o que mais há no livro de Robert Bloch que cativou tanto a atenção de Hitchcook? Podemos adivinhar. O mistério sobre o solitário protagonista, dono de um motel mal localizado, instiga desde as primeiras páginas da história. A sua relação conturbada com a mãe é, ao mesmo tempo, o que molda sua personalidade e o que move o personagem a fazer o que faz. O motel, juntamente a velha e imponente casa dos Bates, combina com aquilo que o livro se propõe a ser: cabalístico e promissor.
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A escrita do autor é simples, assim como o enredo. Para quem não conhece a história, poderíamos explicá-la desta forma: uma mulher, para ter condições de casar-se com seu pretendente, rouba uma quantia generosa de dinheiro e foge da cidade, antes que percebam seu crime. No caminho, porém, pega a estrada errada e acaba se deparando com o Motel Bates, onde mais tarde é assassinada. A pedidos da irmã e do namorado da mulher, uma investigação é iniciada para descobrir seu paradeiro. Passamos a acompanhar a procura dos investigadores para saber a verdade e as tentativas de Norman Bates de não se meter em problemas.
O ponto mais interessante da obra não está no seu desfecho (ainda que o mesmo tenha sido inovador na época de sua publicação), está, na verdade, na figura de Norman. Calmo, gentil, amante de coisas antigas, o personagem nos faz pensar qual seria a barreira que separa a loucura da sanidade. .
Psicose ganhou mais de uma adaptação no audiovisual, como a série de cinco temporadas Bates Motel, que teve seu último episódio exibido em 2017. Assim, a história de suspense, com todos os seus conceitos psicológicos, se perpetua para novas gerações. Um ótimo livro, encantador para fãs do gênero.
“Todos nós enlouquecemos às vezes…” — Robert Bloch.
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