Arvorezinha (RS), 17 de dezembro de 2024 – Uma operação coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resultou no resgate de dez trabalhadores em condições análogas à escravidão, na última semana, em Arvorezinha, no Rio Grande do Sul. Com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a fiscalização teve como foco as atividades de apanha de frangos, onde as vítimas foram encontradas em condições extremamente precárias.
Os trabalhadores, com idades entre 21 e 33 anos, eram provenientes de diversos estados, incluindo Pernambuco, Bahia, Maranhão, e também da Argentina. Eles estavam vivendo em alojamentos insalubres, com alimentação insuficiente e submetidos a jornadas de trabalho abusivas. Durante a fiscalização, foram identificados casos de aliciamento, retenção de salários, endividamento e condições de trabalho extremamente prejudiciais, com jornadas além do limite legal e atividades insalubres.
Após o resgate, o município de Arvorezinha forneceu alimentação e hospedagem para os trabalhadores até o dia 5 de dezembro. Além disso, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) foi firmado com a empresa empregadora, garantindo o pagamento das verbas trabalhistas devidas e o custeio das viagens de retorno às cidades de origem dos trabalhadores. As viagens começaram em 6 de dezembro e foram apoiadas pela Secretaria de Assistência Social de Arvorezinha.
Os trabalhadores também receberam o seguro-desemprego destinado a resgatados, no valor de três salários mínimos. A investigação seguirá com o MPT de Passo Fundo, que buscará responsabilizar a cadeia produtiva envolvida, com destaque para a unidade da JBS S/A, que se utiliza dos serviços da empresa responsável pelas condições degradantes.
Condições precárias
A operação revelou situações alarmantes nos alojamentos, como a falta de água potável por até duas semanas, obrigando os trabalhadores a recorrerem a um valão para suprir suas necessidades básicas. Em um dos alojamentos, foi encontrada apenas uma galinha, sem penas, como principal fonte de proteína para os trabalhadores. Além disso, muitos relataram jornadas de trabalho extenuantes e o uso de substâncias psicoativas para suportar as condições de trabalho.
A operação reforça o compromisso das autoridades brasileiras em erradicar o trabalho escravo e evidência a importância da fiscalização e responsabilização das empresas que mantêm práticas degradantes e desumanas.
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