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Quarta-feira, 10 de Setembro de 2025

🚔 Segurança e Justiça

Mulher encontrada em mala e suspeito de crime se conheceram em abrigo durante enchente em Porto Alegre

Vítima e acusado iniciaram relacionamento após contato em alojamento de 2024; investigação aponta feminicídio com motivação financeira

TVGO - Redação
Por TVGO - Redação
Mulher encontrada em mala e suspeito de crime se conheceram em abrigo durante enchente em Porto Alegre
Reprodução/Redes sociais
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A Polícia Civil confirmou na segunda-feira (08), que a manicure Brasília Costa, de 65 anos, assassinada e esquartejada em Porto Alegre, conheceu o principal suspeito do crime, o publicitário Ricardo Jardim, de 66 anos, durante a enchente que atingiu a Capital em junho de 2024. Os dois tiveram o primeiro contato em um abrigo montado para atender desabrigados na ocasião, segundo familiares da vítima.

O relacionamento entre Brasília e Jardim iniciou no mesmo ano e, de acordo com relatos de parentes, havia passado por uma separação em outubro de 2024. Cinco meses depois, eles retomaram a convivência e, recentemente, planejavam viajar juntos para João Pessoa (PB). Pessoas próximas afirmam que Brasília não apresentou o companheiro à família, o que dificultava uma aproximação maior entre ambos.

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A investigação apurou que, após a morte da vítima, Jardim teria se apropriado do celular dela e utilizado o aparelho para enviar mensagens a familiares, simulando que a manicure ainda estava viva. Essa conduta fez com que não houvesse registro imediato de desaparecimento. A polícia aponta ainda que o suspeito removeu partes do corpo de forma a retardar a identificação e dificultar o trabalho pericial. A cabeça da vítima ainda não foi localizada, e a coleta desse segmento é considerada fundamental para a conclusão dos laudos.

O caso também expõe falhas no sistema prisional. Em 2015, Ricardo Jardim foi responsável pela morte da própria mãe, crime pelo qual foi condenado a 28 anos de prisão em 2018. No entanto, em janeiro de 2024, ele obteve progressão de regime para o semiaberto. Por falta de tornozeleira eletrônica, passou a cumprir a pena com apresentação obrigatória, mas deixou de comparecer, sendo considerado foragido desde abril do mesmo ano. Em fevereiro de 2025, a Justiça determinou a regressão de regime e expediu novo mandado de prisão, cumprido apenas na última semana.

As investigações atuais indicam que o feminicídio pode ter motivação financeira. Há registros de transações entre a vítima e o suspeito, além de tentativas de uso de cartões bancários de Brasília. Durante a prisão de Jardim, foram apreendidos celulares e um notebook, que serão analisados pela perícia.

A dinâmica do crime começou a ser esclarecida no dia 20 de agosto, quando câmeras registraram um homem deixando uma mala no guarda-volumes da Estação Rodoviária de Porto Alegre. O objeto permaneceu no local por 12 dias, até ser aberto pela administração devido ao forte odor. Dentro, estava parte do corpo de Brasília. Dias antes e depois desse episódio, outros fragmentos humanos haviam sido encontrados em sacos plásticos no bairro Santo Antônio e, mais recentemente, na orla do Guaíba, na zona sul da Capital.

Exames genéticos confirmaram que todos os segmentos pertenciam à mesma vítima. Além disso, o DNA de Jardim foi identificado nos materiais utilizados para embalar os restos mortais. A confirmação da identidade da manicure ocorreu por meio de exame comparativo com material genético de familiares.

Até o momento, a Polícia Civil trata o caso como feminicídio. O trabalho pericial segue em andamento, com a expectativa de que os laudos complementares possam indicar a causa exata da morte. A localização da cabeça da vítima é considerada etapa decisiva para a conclusão das investigações.

O delegado responsável, Mario Souza, afirmou que o crime foi planejado e executado com métodos para tentar dificultar a identificação. Para a polícia, a morte de Brasília teria ocorrido em 9 de agosto, no quarto de uma pousada onde o casal residia. Ainda não está descartada a hipótese de que a vítima tenha sido dopada antes do assassinato.

Enquanto o inquérito avança, a prisão preventiva de Ricardo Jardim segue válida. O suspeito ainda não apresentou defesa formal. A expectativa é de que novos resultados periciais, aliados às investigações sobre a vida financeira da vítima, tragam elementos adicionais sobre as circunstâncias e a motivação do crime.

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