A Polícia Civil deflagrou, na quarta-feira (22), a Operação Mímesis, voltada ao desmantelamento de uma estrutura criminosa suspeita de operar sites falsos de leilões. A investigação identificou a atuação do grupo em cinco Estados — São Paulo, Goiás, Amazonas, Santa Catarina e Pará — e apurou que ao menos 48 moradores do Rio Grande do Sul foram vítimas do esquema entre janeiro e agosto de 2025, com prejuízo superior a R$ 700 mil.

Foram executados oito mandados de prisão preventiva, 30 de busca e apreensão, 12 medidas cautelares, 32 bloqueios de valores e quatro sequestros de veículos. Até o momento, sete pessoas foram presas, incluindo o suposto líder da organização. Um dos alvos morreu recentemente, uma pessoa foi detida em flagrante e outra continua foragida.
A apuração é conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos, vinculada ao Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). O grupo é investigado pelos crimes de estelionato eletrônico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
De acordo com o delegado Eibert Moreira, o grupo utilizava plataformas virtuais que imitavam páginas legítimas de leiloeiros, promovidas por meio de anúncios pagos em redes sociais. As vítimas, atraídas pelas ofertas, realizavam depósitos para a compra de veículos que nunca eram entregues. Após a transação, os valores eram distribuídos por contas de passagem em nome de terceiros e empresas de fachada, dificultando o rastreamento financeiro.
A investigação teve início em março deste ano, a partir de registros de ocorrência de vítimas no Rio Grande do Sul. O trabalho contou com ferramentas de análise cibernética e cruzamento de dados bancários, o que permitiu identificar os responsáveis e mapear a estrutura da organização.
Segundo a Polícia Civil, o grupo era liderado por um homem de 32 anos, residente em São Paulo, que coordenava a criação dos sites falsos e o fluxo financeiro das operações. Sua companheira, de 29 anos, também foi identificada como responsável pela movimentação de valores, com contas em seu nome que registraram quase R$ 2,3 milhões em cinco meses.
A investigação detalhou três núcleos de atuação dentro da estrutura criminosa:
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Técnico: responsável pela hospedagem e manutenção dos sites falsos.
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Financeiro: encarregado da movimentação dos valores, contato com vítimas e suporte logístico.
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Empresarial: responsável pela administração das empresas usadas na lavagem de dinheiro, incluindo pelo menos sete firmas de fachada.

O delegado reforçou a importância de que interessados em participar de leilões verifiquem a autenticidade das plataformas junto ao Detran, órgão que credencia e valida empresas autorizadas para esse tipo de comercialização.
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