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Domingo, 16 de Fevereiro de 2025

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5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente; o que temos a comemorar?

É com esse espírito de luta que acreditamos que as coisas vão mudar para melhor

Aline Stolz - Papo Ambiental
Por Aline Stolz - Papo Ambiental
5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente; o que temos a comemorar?
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Fazendo uma reflexão sobre o Histórico Ambiental Mundial, pode-se dizer que o movimento ambiental começou séculos atrás, como uma resposta à industrialização. No século XIX, os poetas românticos britânicos exaltaram as belezas da natureza, enquanto o escritor americano Henry David Thoreau pregava o retorno da vida simples, regrada pelos valores implícitos na natureza. Foi uma dicotomia que continuou até o século XX.

Após a Segunda Guerra Mundial e a poluição nuclear, o movimento ambientalista ganhou novo impulso em 1962 com a publicação do livro de Rachel Carson, “A Primavera Silenciosa”, que fez um alerta sobre o uso agrícola de pesticidas químicos sintéticos, destacando a necessidade de respeitar o ecossistema em que se vive para proteger a saúde humana e o meio ambiente.


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A partir da década de 70, os mais altos ideais e visões começaram ser colocados em prática. Entre estes estava a visão ambiental – agora, literalmente, um fenômeno global. Enquanto a preocupação universal sobre o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos continuou a crescer, quando em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia). O Dia Mundial do Meio Ambiente,  passou a ser comemorado todo dia 05 de junho, sendo essa data escolhida para coincidir com o primeiro dia de realização dessa conferência e tem como objetivo principal chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados, por muitos, inesgotáveis.

Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou a médica Gro Harlem Brundtland, Mestre em Saúde Pública e ex-Primeira Ministra da Noruega, para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento e à medida que sua visão da saúde ultrapassa as barreiras do mundo médico para os assuntos ambientais e de desenvolvimento humano. Em abril de 1987, a Comissão Brundtland, como ficou conhecida, publicou um relatório inovador, “Nosso Futuro Comum” – que traz o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público.

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Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a “Cúpula da Terra ou ECO 92 oi Rio 92, como ficou conhecida, adotou a “Agenda 21’, um diagrama para a proteção do nosso planeta e seu desenvolvimento sustentável, a culminação de duas décadas de trabalho que se iniciou em Estocolmo em 1972.

Em 1988, a ONU Meio Ambiente então Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) se uniram para criar o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), que se tornou a fonte proeminente para a informação científica relacionada às mudanças climáticas. O principal instrumento internacional neste assunto, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), foi adotado em 1992. 


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Já na Agenda 21, os governos delinearam um programa detalhado para a ação para afastar o mundo do atual modelo insustentável de crescimento econômico, direcionando para atividades que protejam e renovem os recursos ambientais, no qual o crescimento e o desenvolvimento dependem. As áreas de ação incluem: proteger a atmosfera; combater o desmatamento, a perda de solo e a desertificação; prevenir a poluição da água e do ar; deter a destruição das populações de peixes e promover uma gestão segura dos resíduos tóxicos, pobreza e a dívida externa dos países em desenvolvimento, padrões insustentáveis de produção e consumo, pressões demográficas e a estrutura da economia internacional, assim como também recomendou meios de fortalecer o papel desempenhado pelos grandes grupos – mulheres, organizações sindicais, agricultores, crianças e jovens, povos indígenas, comunidade científica, autoridades locais, empresas, indústrias e ONGs – para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Para assegurar o total apoio aos objetivos da Agenda 21, a Assembleia Geral estabeleceu, em 1992, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável como uma comissão funcional do Conselho Econômico e Social.

Adotado em 1997, o Protocolo de Kyoto, um dos acordoa mais importantes da área ambiental, estabeleceu metas obrigatórias para 37 países industrializados e para a comunidade europeia, a fim de principalmente reduzirem as emissões de gases estufa.

Por fim, em setembro de 2015, ocorreu em Nova York, na sede da ONU, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável. Nesse encontro, todos os países da ONU definiram os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos ODM e não deixar ninguém para trás. Com prazo para 2030, mas com o trabalho começando desde já, essa agenda é conhecida como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Em se tratando de Meio Ambiente-Brasil, desde a década de 90, o Brasil e seus estudiosos entenderam a importância da preservação de nossos biomas, ensinando as comunidades a utilizarem-se de técnicas de consórcio priorizando o seu sustento na medida em que realizam o manejo planejado e a preservação consciente das áreas.

Ocorre que a falta de fiscalização, a política e os políticos desinformados, os lucros acima do meio ambiente e o desmonte das legislações, dos órgãos de pesquisa, de proteção e programas ambientais, que vinham sendo prática no país que tinha como principal lema a preservação da Amazônia – “Pulmão do Mundo”, que recuperou o bioma Mata Atlântica e ainda estuda as inter-relações entra os diversos ambientes de nossa fauna e flora se desmantelou. 

Infelizmente e principalmente, nos últimos dois anos, vê-se um país à deriva, no qual Amazônia teve aumentos absurdos na apropriação indevida de terras e desmatamento nunca visto igual, com as populações indígenas sendo assassinadas em suas terras, com a biodiversidade tendo perdas incontáveis pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, onde catástrofes ambientais como seca no Centro-oeste, Sudeste e Sul geram a fome em pequenos agricultores em programas de economia familiar, onde a Mata Atlântica perdeu seus benefícios e sua legislação protetiva, onde o Projeto TAMAR – referência na preservação e aumento de população de tartarugas marinhas foi depredado, onde institutos de pesquisa em todo o país foram fechados, onde bolsas de pesquisas foram negadas. 

E em Guaíba, temos sido insistentes em apontar a falta de Coleta Seletiva, de Saneamento Básico e de Gestão na SMAMA, na poluição indiscriminada do Arroio Passo Fundo, na permissão de desmatamento de áreas de Mata Atlântica pela permissão da construção de novos condomínios, onde acordos assinados com o Ministério Público são descaradamente descumpridos e a população sempre fica em último plano. 

O que se tem a comemorar nesse Dia Internacional do Meio Ambiente em plena pandemia de Coronavírus? Comemoramos a insistência de ambientalistas e de lideranças comunitárias, sem envolvimento político-partidário e da população guaibense que paga seus impostos, que merece melhor serviço público, que exerce o seu direito de continuar criticando nas redes sociais aqueles que são seus servidores – Prefeito, Secretários e Vereadores, que merecem respeito. E é com esse espírito de luta que acreditamos que as coisas vão mudar para melhor. Feliz Dia Internacional do Meio Ambiente – 05/06/2020. 

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