É lamentável o quanto as fakenews compartilhadas geram uma desinformação na população e em tempos de pandemia, isso beira o crime.
Em um vídeo que está circulando pelo WhatsApp, um homem chamado Alexandre, que diz ser de São José dos Campos (SP), relata que esteve no Rio de Janeiro, onde se infectou com o coronavírus, passando a enfermidade para a sua família e ainda traz informações equivocadas sobre o uso do Boldo no tratamento da Covid-19. Isso gerou um aumento no número de acessos de pessoas que buscaram na internet uma cura caseira ou uma forma de amenizar os sintomas da doença.
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Ultimamente, os mais procurados foram o Chá de Boldo e a Quinina - pó branco extraído da casca da árvore de cinchona (hidrocloreto de quinina) que dá o gosto amargo ao produto e que não é a mesma molécula do hidroxicloroquina. Essas plantas são conhecidas na medicina popular, mas que não há estudos que indiquem a possibilidade de uso para combater a pandemia.
Os infectologistas Luís Fernando Waib, da Sociedade Brasileira de Infectologia- SBI e Alexandre Barbosa, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e consultor da SBI afirmam que não foi realizado nenhum teste para avaliar o efeito do Chá de Boldo ou da Quinina no tratamento e prevenção da COVID-19 e que, a única propriedade do Boldo é a melhora da digestão e que, diante desse sintoma, pode resultar em uma melhora do bem-estar do paciente, assim como o Quinino pode amenizar sintomas da malária.
O isolamento social é a melhor prática, ainda que seja um remédio amargo, mais que um chá. Além disso, se aponta como forma de prevenção a higiene constante das mãos e superfícies, assim como a utilização de máscaras em caso de necessidade de sair.
Entretanto, o tratamento que é feito hoje é o de suporte, sendo a primeira estratégia de oxigenação, uma vez que o coronavírus afeta principalmente o pulmão, que pode ser feita com cateter de oxigênio, máscara de oxigênio, entubação ou ventilação mecânica, dependendo da gravidade do caso e a possibilidade de administração de Cloroquina ou Hidroxicloroquina, juntamente com Azitromicina, o que também gera dúvidas nos profissionais de saúde, em virtude da falta de mais testes em humanos.
Não existe, ainda, tratamento específico contra o novo coronavírus. Outro medicamento que parece mais eficaz até o momento é o Remdesivir, produzido pela Gilead, mas os testes ainda estão em andamento e este medicamento ainda não está disponível comercialmente no Brasil.
"Não existe uma cura milagrosa
para o Coronavírus, seja por plantas
ou drogas farmacêuticas"
Desenvolvido para combater o Ebola, o Remdesivir já havia tido bons resultados quando utilizado para tratar pacientes vítimas dos coronavírus causadores da SARS e da MERS. No entanto, estudos realizados com a SARS em 2002 mostraram que, quanto mais se demorava para usá-lo, menos eficaz era. Em outras palavras, assim como a de Cloroquina ou Hidroxicloroquina, juntamente com Azitromicina, o Remdevisir tem melhor resposta do paciente quando administrado no início do tratamento contra o Covid-19.
O FDA (Food and Drug Administration) autorizou o uso do medicamento nos Estados Unidos, baseado na totalidade das evidências científicas disponíveis, informando que é razoável crer que o Remdesivir possa ser efetivo no tratamento da Covid-19 e que quando usado sob as condições descritas nesta autorização do órgão americano, os conhecidos e potenciais benefícios superam os riscos da droga.
A Anvisa - órgão regulador brasileiro, está em contato com o fabricante para verificar a viabilidade do fornecimento do medicamento no Brasil, já que a Gilead tem vários ensaios clínicos em andamento para o Remdesivir, com dados iniciais esperados para serem divulgados. Caso o benefício do medicamento se comprove, a Anvisa possui mecanismos, como anuência de uso em programa assistencial e priorização de registro, para garantir o acesso rápido da medicação à população.
"Antes de reproduzir
informações, certifique-se
de que são corretas e válidas"
A análise preliminar do estudo clínico nos EUA, Europa e Ásia indica que os pacientes tratados com o remédio se recuperavam cerca de quatro dias antes que os outros. A taxa de mortalidade entre os que usaram a medicação também seria menor. Mas cientistas do mundo todo ainda mantêm o ceticismo diante da notícia, já que, em outro estudo recente, feito por médicos chineses e publicado pelo periódico The Lancet, o antiviral teve pouco resultado entre os pacientes em estado grave da doença.
As conclusões que chegamos foram:
- Não existe uma cura milagrosa para o Coronavírus, seja por plantas ou drogas farmacêuticas;
- Não acredite em informações que não vieram de órgãos oficiais ou de cientistas;
- Antes de reproduzir informações, certifique-se de que são corretas e válidas;
- A imunização da população ainda está em análise, visto que ainda não há uma vacina testada com sucesso;
- O Coronavírus é uma situação ENDÊMICA, ou seja, o vírus viverá para sempre entre nós por muito tempo, assim como a Gripe H1N1, HIV, Sífilis, etc.;
- Todas as orientações de isolamento social e higiene devem se tornar hábitos diários.
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