"Uma borboleta pousou na moldura, misturando as cores que suas asa têm com a palidez dessa foto antiga e a inércia que ficou de alguém". Este é um trecho da música “Sobre uma foto Amarelada” de Rui Carlos Ávila, da qual gosto muito, sempre me aguça a imaginação e fico a desenhar mentalmente a cena: A Borboleta, as cores, a foto antiga e o sentimento do personagem ao lembrar da pessoa do retrato.
O esboço do que seria a fotografia surgiu há muitos anos. Registros datam de 350 a.C, por experiências de alquimistas e químicos. Ao longo dos anos as técnicas foram sendo aperfeiçoadas, até que surge a primeira fotografia pelas mãos do estudioso francês Joseph Niépce, seguido então do, também francês, Louis Jaques Mandé Daguerre criador do aparelho "daguerreótipo", posteriormente veio o Calótipo criação do químico inglês John F. Goddard e somente em 1861 o físico escocês James Clerk Maxwell com parcerias, cria a fotografia colorida.
Diante disso, percebemos o quanto a fotografia é importante em nossas vidas, costumo dizer que é a forma de pausar o tempo. Meu pai, um fissurado em fotografias e filmagens, registrou cada pequeno detalhe do meu crescimento e dos meus irmãos, assim é possível os meus sobrinhos conhecerem a nós, quando crianças, de certa forma.
Mas uma máquina por si só não basta, com a criação das fotografias surge uma nova profissão: os fotógrafos. E, na verdade, é a eles que a coluna de hoje é destinada. Afinal, dia 8 de janeiro foi o dia do fotógrafo, data que em 1840 chegou ao Brasil a primeira câmera. Sorte a minha ter tantas pessoas a parabenizar na passagem da data, rapidamente destaco minha amada amiga Mylena Borges, o querido colega Paulo Silveira, e a maravilhosa Maris Strege.
Mas, o que o dia do fotógrafo tem em comum com o tradicionalismo? Bom, um tradicionalista. O Lucas Nunes é um fotógrafo guaibense que descobriu o gosto pelas imagens e câmeras, quando iniciou seu trabalho de contra-regra dentro do Grupo RBS, local em que foi incentivado a fazer o curso de cinegrafista no Instituto OSCIP, assim, após quatro anos e muito conhecimento adquirido no local, decidiu empreender no ramo da fotografia, mas com um diferencial descrito no seu próprio slogan: “retratando a pampa gaúcha”.
“O dinheiro é apenas a consequência daquilo que eu amo e que faz meu coração bater mais forte que é nossa tradição gaúcha, através de um network bom que tive no grupo RBS com artistas do ramo da música tradicionalista, decidi atuar bastante nessa área da música, e por dançar em grupos de fandango, em CTG desde pequeno também decidi trabalhar com o mundo das invernadas, enfim agrupei tudo aquilo que amo e tornei disso meu ofício”, conta ele.
Logo, o Lucas ganhou espaço e hoje já trabalhou com a maioria dos músicos, dançarinos e artistas do meio tradicionalista da nossa cidade, bem como fotografa a semana farroupilha de Guaíba, conhecida por seu tamanho e qualidade a nível estadual. Com quase 10 anos no ramo do audiovisual, já trabalhou em diversas produtoras de Porto Alegre fazendo eventos, produziu um curta audiovisual encenado na casa de Gomes Jardim, do espetáculo "do cipreste ao piratini" que é realizado na nossa cidade e que foi transmitido ao vivo na semana farroupilha virtual da Assembleia Legislativa.
Quando questionado sobre a sensação de registrar momentos tão importantes na vida dos tradicionalistas, tais como festivais e rodeios, sendo ele tão ligado ao meio, respondeu que se sente emocionado e inspirado ao dizer que “alguns rodeios ficaram gravados na minha memória, e eu sempre quis dançar no palco do Enart, sempre foi meu sonho, talvez um dia eu volte pra tentar isso.”
Conversei com ele, também sobre a dança, afinal sei que as fotos que ele faz sempre ficam diferenciadas, uma vez que tendo sido ele também dançarino de invernada, compreende os movimentos, as expressões e posicionamentos que serão feitos, salvo as especificidades de cada grupo, claro. Momento em que ele confessou, e eu entrego a vocês em primeira mão, que enquanto fotografa acaba sempre cantando as músicas junto com o grupo.

Além de belíssimo, o trabalho do Lucas mantém o tradicionalismo vivo, afinal são os registros que mostram a história, que um dia será contada. Eu já garanti o meu ensaio de prenda com ele há um bom tempo, lógico que indico, afinal ele tem um portfólio somente para prendas, entre tantos outros. Ademais, vejam só, acabou sendo mais uma história da série: Profissões formadas pela tradição.
Guaíba, berço da revolução farroupilha, repleta de filhos para se orgulhar.
Aviso: as opiniões dos colunistas não refletem necessariamente as mesmas da TVGO Guaíba Online.
Comentários: