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Sabado, 05 de Outubro de 2024

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"Pai é quem cria": a polêmica envolvendo a campanha de Dia dos Pais da Natura com Thammy Miranda

No Brasil, há milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento e de famílias compostas por mães solo

Caroline Moura - Direito e Justiça
Por Caroline Moura - Direito e...
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A campanha de Dia dos Pais da marca Natura com Thammy Miranda deu o que falar nos últimos dias. A inclusão de um homem transexual na campanha causou, de um lado, liderança na bolsa de valores, e, de outro lado, boicote à marca, com graves ofensas nas redes sociais.

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Conforme informado pelo portal UOL, as ações da Natura fecharam a última quarta-feira (dia 29/07) em alta de 6,73%, a R$ 47,09. E esse desempenho da Natura contribuiu para o resultado positivo do Ibovespa, que encerrou o pregão em alta de 1,44%, aos 105.605,17 pontos.

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Então, por que tanta polêmica envolvendo a campanha de Dia dos Pais com Thammy Miranda?

A campanha publicitária em comento seguiu um modelo de Storytelling, que consiste na “arte de contar histórias”. Mais que uma mera narrativa, a campanha publicitária que segue a Storytelling lida com determinada história de vida, posicionando a marca de acordo com valores que a empresa acredita, para se comunicar com o público que compartilha desses valores ou se identifica com eles.

Dito isso, entendemos que a campanha da Natura com Thammy se dirige a um determinado público, que compartilha dos valores de uma família composta por uma criança, por uma mãe e por um pai transexual.

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Pois bem, conforme dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 5,5 milhões de crianças não tinham o nome do pai na certidão de nascimento em 2013. Ademais, há 11,6 milhões de famílias compostas por mães solo no Brasil.

Logo, a intenção da campanha é conversar com as 5,5 milhões de pessoas que vivem sem o afeto paterno, e com as 11,6 milhões de famílias em que o genitor não se faz presente e que, na maioria das vezes, não cumpre com suas mínimas obrigações de pai.

Como perfeitamente menciona o jurista Ricardo Lucas Calderon, “a solidificação da afetividade nas relações sociais é forte indicativo de que a análise jurídica não pode restar alheia a este relevante aspecto dos relacionamentos. A afetividade é um dos princípios do direito de família brasileiro, implícito na Constituição, explícito no Código Civil e nas diversas outras regras do ordenamento”.

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Portanto, não se pode negar que o afeto se sobrepõe aos laços de sangue, acompanhando a evolução das formas de constituição de família no direito brasileiro.

Caso você não se identifique ou não concorde com a campanha da Natura de Dia dos Pais, que conta a história de Thammy Miranda, apenas respeite, pois os dados reais comprovam que muitos brasileiros se identificam e têm admiração pela história. Pai é quem cria. De nada adianta o “sangue” se não há o afeto.


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Foto: Facebook/Reprodução

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