Na terça-feira, 29 de outubro, Valência, terceira maior cidade da Espanha, foi devastada por uma enchente histórica provocada por chuvas torrenciais. O fenômeno, que durou apenas oito horas, resultou na morte de 211 pessoas e causou severos danos materiais, deixando ruas inundadas, carros empilhados e a população sem acesso a alimentos, energia e água. As autoridades locais declararam situação de calamidade, e, para lidar com a crise, o governo espanhol mobilizou 10 mil homens, incluindo 5 mil soldados e 5 mil policiais, para atuar nas operações de resgate e recuperação.
A enchente arrastou veículos, derrubou fios de energia e transformou as ruas em rios de lama. Em alguns bairros, como Torrente, residentes relataram saques em supermercados devido à escassez de produtos e à falta de controle da polícia. "A polícia não tem mais controle de nada. Esse bairro não tem luz, não tem água", afirmou o brasileiro Flávio Resende Júnior, morador de Valência.
Além dos militares, milhares de voluntários chegaram à cidade para auxiliar nos trabalhos de limpeza e distribuição de alimentos. O Exército, em colaboração com as autoridades locais, está concentrando esforços nas áreas mais afetadas, principalmente no sul de Valência, onde a destruição foi mais intensa. A ajuda humanitária inclui o envio de alimentos, água e suprimentos essenciais.
O ministro dos Transportes e Mobilidade, Óscar Puente, alertou que cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão bloqueadas ou danificadas, dificultando ainda mais o acesso às áreas afetadas. A situação foi agravada pela falta de comunicação imediata: moradores acusaram o governo de demorar para enviar alertas sobre o risco da enchente. O primeiro-ministro Pedro Sánchez pediu, em pronunciamento, que a população seguisse as recomendações das autoridades e evitasse sair de casa, uma vez que a tempestade ainda não havia cessado.
Cientistas apontam que a intensidade das chuvas está relacionada ao aumento das temperaturas do mar Mediterrâneo, um efeito das mudanças climáticas. Este evento é considerado a pior enchente na região em mais de um século.
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