Eldorado do Sul volta a enfrentar a fúria das águas. Desde quinta-feira (20), os bairros Cidade Verde e Vila da Paz revivem o drama das inundações, que já haviam submergido 97% da área urbana do município em maio. A retomada das cheias traz consigo revolta, incerteza e o temor de um futuro incerto para a cidade.
Inês da Silva, moradora da Vila da Paz, resume o sentimento geral: "Nosso psicológico está abalado. É nosso lar, a única casa que a gente tem. Aí, quando a gente quer voltar para as nossas casas, acontece isso aí de novo". Inês, que vive com seus três filhos, teme pela saúde da filha mais nova, que contraiu pneumonia durante o período anterior de alagamento. Para ela, a solução passa por indenizações que permitam à população buscar moradias dignas em locais seguros.
O pescador Luiz Antônio Ceccon de Albuquerque também teve que deixar sua casa às margens do Rio Jacuí e buscar abrigo na cidade. Ele critica a falta de medidas efetivas por parte do poder público para garantir a segurança da população ribeirinha. "Acho que eles deveriam dar uma olhada para nós. Eu sei o que eles querem. Eles querem que a gente saia da ilha, que a gente abandone as nossas casas", desabafa.
O vice-prefeito de Eldorado do Sul, Ricardo Alves, reconhece a necessidade de soluções permanentes e apresenta a construção de um dique como principal aposta. A obra, estimada em R$ 460 milhões, protegeria o centro urbano, mas implicaria na realocação de cerca de 1.500 famílias das áreas mais vulneráveis.
Além do dique, o plano da prefeitura inclui a elevação de rodovias e a dragagem de rios assoreados. O vice-prefeito alerta que a execução de pelo menos duas dessas medidas é crucial para evitar novas tragédias, mas ressalta a incerteza sobre o futuro da cidade caso as obras não sejam realizadas.
A retomada das inundações em Eldorado do Sul expõe a urgência de medidas eficazes para garantir a segurança da população e o futuro da cidade. A busca por soluções permanentes, como o dique e outras obras de infraestrutura, precisa ser acompanhada de um plano de realocação das famílias afetadas, com indenizações justas e a garantia de moradias dignas. O diálogo com a comunidade e a transparência por parte do poder público são essenciais para reconstruir a confiança e traçar um caminho para a superação dessa crise.
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