O Hospital Nossa Senhora Aparecida, de Camaquã/RS, confirmou os óbitos de três pacientes que foram nebulizados com hidroxicloroquina diluída em soro. Os casos ocorreram entre segunda (22) e esta quarta-feira (24). Os falecimentos se deram após o início dos tratamentos experimentais ministrados por uma médica que, após ser demitida do hospital, foi defendida ao vivo pelo presidente Jair Bolsonaro, que ligou para a rádio local para falar sobre o assunto.
Mesmo já desligada, a médica seguiu ministrando o tratamento experimental para alguns pacientes no hospital, incluindo os que conseguiram autorização judicial para isso e os que assinaram um termo de conciliação informando que pretendiam aderir à nebulização de hidroxicloroquina. Contudo, ainda não há comprovação de que este tratamento é eficaz no combate à covid-19.
O primeiro caso é o de um homem cuja família assinou o termo de conciliação. O hospital, entendendo que não poderia impedir o desejo de tratamento com a médica, propôs a assinatura de um documento em que se eximia de responsabilidade por eventuais consequências. O paciente estava em leito clínico, seu quadro era considerado estável, sem necessidade de entubação ou UTI até aquele momento. Foram pouco mais de 14 horas após o início das nebulizações até que o homem viesse a falecer, na terça-feira (23), às 9h30min, apresentando falta de ar e queda de saturação (oxigênio no sangue).
Outro paciente do tratamento experimental que faleceu fez a primeira inalação da hidroxicloroquina na sexta-feira (19), enquanto estava em leito clínico, embora seu quadro já fosse considerado grave, com entubação e ventilação mecânica, aguardando liberação de UTI. Feitas as nebulizações, o quadro do paciente seguiu piorando e ele acabou internado na UTI. Após apresentar taquicardia, o homem morreu na madrugada desta quarta-feira (24).
Já último caso envolve uma mulher que fez uma nebulização de hidroxicloroquina com a médica na tarde de domingo (21). Ela também estava em situação considerada mais grave, entubada, em ventilação mecânica e aguardando leito de UTI. Ainda no domingo, já próximo da meia-noite, a Justiça emitiu uma decisão liminar autorizando Eliane a fazer o tratamento experimental na paciente, desde que ela assumisse a assistência integral, e não apenas fizesse as nebulizações e deixasse o restante dos procedimentos com outros médicos.
A assessoria jurídica do Hospital Nossa Senhora Aparecida informou que "irá comunicar ao Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) e ao Ministério Público sobre esses fatos para que eles possam apurar se essa conduta teve ou não relação com os falecimentos e para que possam tomar medida cautelar para impedir esse tipo de prescrição".
O que diz a família de uma das vítimas
Uma família da cidade de Tapes, parentes um homem que recebeu o tratamento em questão e veio a falecer, postou vídeo nas redes sociais relaxamento sobre o acontecimento. A família postou: "Nós queriamos somente uma oportunidade de tentar salvar a vida dele. Sem nenhuma outra intenção que você possa imaginar". Vídeo do Facebook abaixo.
O que diz a médica que aplicou o tratamento
No fim de tarde do dia 24/3 foi divulgada uma entrevista que a médica em questão deu a rádio local AcústicaFM, onde relatou sobre o assunto. Vídeo da Facebook abaixo.
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